Petistas minimizam elo com milícia e exaltam papel de ministra e marido na eleição de Lula

Folha mostrou que nova ministra do Turismo mantém ligação política com miliciano

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Brasília

Integrantes da equipe de Lula e parlamentares do PT avaliam que os elos políticos da ministra do Turismo Daniela Carneiro (União Brasil) ainda não contêm elementos que comprometam a sua participação no governo.

Eles buscaram ressaltaram publicamente o papel que ela e, em particular, seu marido, Waguinho (União Brasil), prefeito de Belford Roxo, tiveram na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Lula e a ministra Daniela Carneiro durante o anúncio dos últimos nomes que iriam compor a Esplanada dos Ministérios - Pedro Ladeira/Folhapress

Na quarta (4), reportagem da Folha revelou que o grupo político de Daniela e do marido mantém há ao menos quatro anos vínculos com a família do ex-PM Juracy Alves Prudêncio, o Jura, condenado e preso sob acusação de chefiar uma milícia na Baixada Fluminense.

Daniela teve o apoio da ex-vereadora Giane Prudêncio, mulher de Jura, nas eleições de 2018 e nas do ano passado. O próprio miliciano se envolveu em atos de campanha de Daniela há quatro anos, quando cumpria as condenações por homicídio e associação criminosa em regime semiaberto.

Nesta quinta (5), vieram a público vínculos políticos com outros acusados de envolvimento com milícia no Rio. Embora a avaliação da maioria dos petistas tenha sido ainda com os primeiros elos, os argumentos usados por defensores da ministra são semelhantes.

Lula teve nesta quinta uma reunião com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha; a presidente do partido Gleisi Hoffmann; e os líderes do governo no Congresso Nacional. No entanto, os participantes afirmam que em nenhum momento a situação de Daniela Carneiro foi discutida.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou após o encontro que a reunião tratou exclusivamente da definição do segundo escalão do governo. Questionado sobre o assunto, o senador ressaltou o papel de Waguinho para a eleição de Lula.

"Quem veio para a base foi o partido dela e ela. O marido dela teve um protagonismo forte [na campanha eleitoral]. Então, repare, ele tem até o nosso carinho e admiração, porque, numa terra difícil, como é Belford Roxo e o Rio de Janeiro, ele fez campanha três vezes por dia", afirmou Jaques Wagner.

Ele ainda acrescentou que nesses momentos vão surgir muitas notícias sobre o passado dos integrantes ao governo, na tentativa de desabonar as nomeações.

"Ele é um cara que o próprio pessoal nosso do Rio reconhece o protagonismo dele. Então, porque agora não vai ter jeito. Vai ter gente que vai dizer 'fulano chamou o senhor disso', 'fulano fez campanha para Bolsonaro'. Mas, se for tirar todo mundo que passou por isso, nós não vamos ter gente", afirmou.

"Ela foi muito bem recebida, até com alegria, pelo reconhecimento da gente do trabalho que ele teve durante a campanha", completou o líder do governo.

Na mesma linha, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), minimizou o caso e disse que "nada demonstra relações que a comprometem". Disse que em nada se equivale à apontada ligação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com milicianos.

"Bolsonaro tinha vínculos orgânicos com os milicianos. Nesse caso me parece que é uma relação de campanha, nesse sentido, não há compromete. Mas do ponto de vista dela, na minha opinião, nada demonstra relações que a comprometam. Essa é a questão", afirmou.

Procurados novamente após a revelação de novos elos do grupo político da ministra com acusados por milícia no Rio, Jaques Wagner e Paulo Teixeira não responderam.

Integrantes do governo já haviam saído na defesa de Daniela Carneiro anteriormente.

O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), disse não haver "materialidade concreta" no elo com milicianos.

"Não tem até aqui nenhuma outra repercussão, nenhuma materialidade concreta sobre nada que crie nenhum tipo de desconforto até o momento. Se surgirem coisas novas, aí é outra história. Mas até aqui não tem nada que provoque nenhum tipo de desconforto, não", afirmou.

O titular da Secretaria de Relações Institucionais elogiou Daniela e disse que nada do que surgiu até o momento desabona a colega de Esplanada.

"Tudo o que apareceu até agora, na minha opinião, não desabona em nada a grande deputada que é a deputada Daniela do Waguinho, que foi a deputada mais votada do Rio de Janeiro. Que na sua fala inicial, eu estava junto no convite ao Ministério do Turismo, deu uma demonstração assim de muita vontade de fazer um grande trabalho pelo Brasil", afirmou Padilha em entrevista à GloboNews.

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