Descrição de chapéu Congresso Nacional

Câmara dá posse a novos deputados em meio a protestos de bolsonaristas contra Pacheco

Benedito de Lira, pai do presidente da Câmara, passa mal e é levado a hospital

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Brasília

A Câmara dos Deputados empossou nesta quarta-feira (1º) deputados da nova legislatura em meio a protestos de bolsonaristas contra Rodrigo Pacheco (PSD-MG), candidato à reeleição na presidência do Senado, e em cerimônia que contou com a presença de ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante a chamada de parlamentares para prestarem juramento ao regimento, bolsonaristas, entre eles o filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seguraram cartazes com a frase "Pacheco Não", em protesto contra o atual presidente do Senado, apoiado por Lula.

Eles também colaram nas costas adesivos com a frase "Fora Ladrão". Dos 513 parlamentares, 99 são do PL de Bolsonaro—que se torna a maior bancada da Casa nos últimos 24 anos. A federação que reúne o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PV e o PC do B, por sua vez, terá 81 deputados.

Sessão de posse dos deputados eleitos, na Câmara, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress

A posse foi marcada por filas de convidados aguardando para entrar na Câmara.

Durante a cerimônia, o ex-senador Benedito de Lira, 80, pai do presidente da Câmara, passou mal e foi levado ao departamento médico. Lira acompanhou o pai.

A sessão foi suspensa por cerca de dez minutos e foi retomada pelo deputado Átila Lins (PSD-AM). Benedito foi transferido para um hospital particular. Ele teria tido sintomas de desidratação.

Lira voltou a presidir a sessão. Ao prestar juramento, foi fortemente aplaudido pelos colegas e convidados.

No plenário, marcam presença ministros do governo Lula, caso de Carlos Lupi (Previdência), Marina Silva (Meio Ambiente), Anielle Franco (Igualdade Racial), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Paulo Pimenta (Secom), Daniela Carneiro (Turismo) e Juscelino Filho (Comunicações).

Muitos deles foram exonerados para poder assumir seus mandatos como deputados. Também estiveram presentes ex-parlamentares, como o ex-presidente da Casa e deputado federal cassado Eduardo Cunha.

A necessidade de construir uma base robusta na Câmara é de interesse para qualquer governante. A busca por governabilidade foi almejada já ao longo da campanha do presidente Lula. Ele conseguiu reunir apoio de dez partidos à sua candidatura no primeiro turno sob o mote de representar uma frente ampla.

Já eleito, acomodou partidos de centro, como PSD, União Brasil e MDB, em seu ministério, em busca de construir sua base no Congresso.

Neste primeiro mês de governo, a gestão do petista tem negociado com partidos cargos de segundo e terceiro escalão para acomodar políticos —as definições, no entanto, devem ser pautadas pelo grau de adesão das siglas nas votações.

É na Câmara que se iniciam possíveis processos de impeachment e onde começa a tramitação da maioria dos projetos de interesse do Executivo federal. Como a Folha mostrou, o Congresso que toma posse deve iniciar os trabalhos a reboque da agenda definida pelo governo Lula.

Eduardo Cunha na sessão da Câmara - Folhapress

Na área econômica, são tratadas como prioridades a aprovação da nova âncora fiscal, que substituirá o teto de gastos, e a reforma tributária.

No campo político, será a análise de 27 medidas provisórias —sendo 20 delas editadas ainda por Bolsonaro. Entre os temas dessas medidas estão a que fixa o salário mínimo em R$ 1.302, a que mantém o Auxílio Brasil de R$ 600 e a que prorroga a desoneração dos combustíveis.

As propostas em resposta aos ataques golpistas de 8 de janeiro também serão outro tema que deverá ser debatido pelo Congresso. A cerimônia desta quarta ocorre 24 dias depois do ataque golpista de invasão da sede dos três Poderes, em Brasília.

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal decidiu fechar a Esplanada dos Ministérios e reforçar o policiamento a partir desta quarta para evitar manifestações durante a reabertura dos trabalhos no Congresso e no Judiciário.

O deputado mais votado da última eleição, Nikolas Ferreira (PL-MG) disse à Folha que vai apoiar a recondução de Arthur Lira à presidência da Câmara. "O Arthur Lira era o candidato do Bolsonaro. O PT que está apoiando o candidato do Bolsonaro", afirmou.

Um dos símbolos do bolsonarismo, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) também disse apoiar a candidatura de Lira. Ela conta que a oposição ao governo Lula (PT) vai se estruturar para ser propositiva.

"Eu vou construir uma frente parlamentar conservadora pela liberdade. Estamos montando três coisas: coordenações temáticas, coordenações estaduais e regionais e vamos montar um ministério paralelo, para apresentar soluções", disse.

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