Entidades de rádios, TVs e jornais defendem propostas contra fake news

Associações vão entregar aos três Poderes sugestões ao projeto de lei em discussão no Congresso sobre atuação de big techs

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

A AIR (Associação Internacional de Radiodifusão) aprovou documento que pede aos países das três Américas a implementação de ações e políticas de governo contra a disseminação de desinformação e discursos de ódio na internet, além de práticas anticompetitivas no setor.

Chamado de Carta de Brasília, o texto contém sugestões para um projeto de lei atualmente em discussão no Congresso Nacional brasileiro que torna crime a divulgação de fake news. O documento será entregue a representantes do governo Lula, do Legislativo e do Judiciário.

O segmento também defende que os meios de comunicação profissionais sejam remunerados pelas redes sociais pelo uso do conteúdo por eles produzido, além de igualdade de tratamento na legislação.

Redes sociais assinaram acordos de cooperação com o TSE para o combate à desinformação eleitoral - Dado Ruvic - 13.jul.21/Reuters

A Carta de Brasília foi aprovada na quarta-feira (15) em seminário que reuniu representantes dos conselhos executivos da AIR, da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV) e da ANJ (Associação Nacional de Jornais), além do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta (PT).

Participaram também o deputado Orlando Silva (PC do B/SP), relator do projeto que propõe regras contra a difusão de fake news, e os professores Rose Marie Santini e Márcio Borges, do Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O presidente da Abert, Flávio Lara Resende, disse que as big techs devem ser responsabilizadas em relação à desinformação que circula em suas plataformas, bem como sobre os conteúdos publicitários e impulsionados.

Ele pontuou que as empresas de tecnologia e as plataformas digitais são "bem-vindas ao ambiente da comunicação brasileiro", mas é preciso que elas atuem segundo as mesmas regras impostas aos veículos de comunicação.

"O Brasil não pode ficar inerte. A inovação exige igualdade de tratamento, justo e leal, entre todos os agentes econômicos que competem na mídia", afirmou.

Presidente da AIR, entidade que representa 17 mil emissoras privadas de rádio e TV, Eugênio Sosa Mendoza defendeu a necessidade de os países das Américas debaterem uma forma de regulamentação das grandes empresas digitais e a simetria de regras no mercado de mídia.

"O Brasil é mais que um país, é um continente por sua envergadura política e econômica, e é preciso colocar em foco esta discussão", disse.

Para Marcelo Rech, da ANJ, o Brasil tem "a oportunidade de ser o grande protagonista" nesse debate. Ele disse que a solução para o problema passa por um pacto mundial, autorregulado, contra a desinformação, liderado pelas Nações Unidas nos moldes do enfrentamento do aquecimento global.

Rech afirmou que o ponto central desse grande acerto está na valorização e no reconhecimento do jornalismo por meio da remuneração da atividade jornalística pelas grandes empresas de tecnologia.

O ministro Paulo Pimenta disse que o governo Lula (PT) avalia encaminhar ao Congresso uma proposta de regulação da internet, que inclui punições às big techs, em caso de violações à Lei do Estado Democrático e de direitos da criança e do adolescente.

"Não é possível que estejamos regrados por um conjunto de leis e não se tenha responsabilidade com o conteúdo divulgado", afirmou o petista.

Na contramão das discussões do Executivo, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Alexandre de Moraes, defende uma regulação de internet "enxuta".

Moraes liderou a corte nas últimas eleições, por meio de resoluções aprovadas pelo plenário do tribunal e de investigações, para o combate à desinformação no pleito.

Enquanto o governo desenha uma legislação ampla, nos moldes da Lei dos Serviços Digitais, em vigor na União Europeia desde fevereiro, Moraes disse a interlocutores que uma regulação muito complexa não seria eficaz e teria dificuldade de ser aprovada no Congresso.

É preciso combinar, segundo ele, a autorregulação das plataformas com uma normatização sintética. O governo estabeleceria alguns padrões básicos que balizariam a atuação delas.

As plataformas são parceiras do Programa de Enfrentamento à Desinformação do TSE, criado em 2019. Em agosto de 2021, o programa se tornou uma ação permanente do tribunal, com a escalada dos ataques à Justiça Eleitoral e a seus integrantes. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e auxiliares próximos protagonizaram parte desses ataques.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.