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Janja diz que sofre mais ataques nas redes que Lula e que será aliada das mulheres

Primeira-dama é condecorada pelo Senado por sua atuação na luta pela igualdade de gênero

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Brasília

A primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, afirmou nesta quarta-feira (8) que é alvo de mais ataques nas redes sociais que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que será "aliada incondicional" no combate à violência de gênero.

"Tenho sido o principal alvo de mentira, ataque à honra, ameaça nas redes sociais, até mais que o presidente da República. Sei que muitas de vocês também passam por isso, pela mesma e terrível experiência de ver seu nome, seu corpo, sua vida exposta de uma forma mentirosa", disse.

"Também serei aliada incondicional nas ações de violência de gênero na política. Isso eu acho que já está muito claro para todo mundo. A questão de violência contra a mulher é inadmissível. Precisamos dar um basta: parem de matar nossas mulheres. Nenhuma de nós com medo, todas nós na política."

Janja é homenageada pelo Senado com o Diploma Bertha Lutz - Gabriela Biló/Folhapress

Janja foi uma das homenageadas pelo Senado neste Dia Internacional da Mulher com o Diploma Bertha Lutz, dado a pessoas consideradas relevantes na defesa dos direitos das mulheres.

A primeira-dama destacou ainda o número recorde de mulheres na Esplanada dos Ministérios (11 de 37) e na presidência dos dois principais bancos públicos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), mas disse que essa não é "a nossa linha de chegada".

A presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Rosa Weber, também foi condecorada. A ministra é a única mulher à frente de um Poder da República (Judiciário) e apenas a terceira ministra em toda a história do STF —com Cármen Lúcia e Ellen Gracie.

Em seu discurso, Rosa destacou que, "mesmo no espaço forense, condutas e atos discriminatórios detectados são indicativos seguros de que sequer o Poder Judiciário, em seus campos de atuação, está imune à cultura de subjugação e de desqualificação do feminino impregnada na sociedade brasileira".

"Reafirmar o direito das mulheres à igualdade de tratamento e de acesso aos espaços decisórios públicos, como forma de luta contra a discriminação de gênero, não se trata de projeto realizado, mas sim de projeto em permanente construção", disse.

A ministra afirmou também que, em uma sociedade marcada pelo machismo estrutural, "edificaram-se estruturas de tomada de decisão para não considerar a mulher como ator político institucional relevante no projeto democrático constitucional".

"A igualdade fez-se assim, e continua a se fazer, considerada, perdoe-me, a sub-representação feminina também neste parlamento, a partir da perspectiva masculina a respeito da mulher", disse, destacando que é preciso rever normas e políticas que reproduzem desigualdades.

O diploma Bertha Lutz também foi dado in memorian à jornalista Glória Maria, que morreu em 2 de fevereiro, e à indígena Clara Filipa Camarão, que liderou um grupo de mulheres contra as invasões holandesas no século 17, em Pernambuco.

A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, a diretora-executiva do Instituto Igarapé, Ilona Szabó de Carvalho, e a jornalista Nilza Valéria Zacarias, uma das coordenadoras da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, completam a lista.

Entre outras autoridades, a sessão foi acompanhada pela segunda-dama, Lu Alckmin, e pela presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR). Também estavam presentes as ministras do Planejamento, Simone Tebet (MDB), e da Saúde, Nísia Trindade —a primeira mulher da história a comandar a pasta.

A condecoração já foi dada a mais de 150 pessoas, como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018 —e irmã da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

Bertha Lutz foi uma das líderes do movimento para que as mulheres tivessem direito ao voto. Segunda mulher a se tornar deputada federal, em 1936, Lutz foi a primeira a integrar uma delegação diplomática brasileira, em 1945.

A sessão foi aberta pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Após a entrega dos primeiros diplomas, Pacheco passou a presidência para a líder da bancada feminina da Casa, Eliziane Gama (PSD-MA).

Ao subir na tribuna, a senadora Leila Barros (PDT-DF), procuradora da mulher no Senado, precisou pedir silêncio várias vezes e teve dificuldades para começar a falar. Leila chegou a chorar durante seu discurso ao mencionar o desrespeito que as mulheres enfrentam.

"O que eu estou vivendo aqui agora é um desgaste de energia que eu já vivo há quatro anos, exigindo que se cumpra o nosso direito mais básico, o de viver", disse. "Não é fácil para mim me expor aqui, com vocês. Porque, quando você chora, você é uma desequilibrada. Quando você grita, você é uma louca."

"Nós temos um grande problema hoje a enfrentar. As mulheres são interrompidas sempre. Nós às vezes temos que falar fisicamente um pouco mais alto pra gente poder ser ouvida. Nós temos uma mulher na tribuna do Senado Federal", protestou Eliziane Gama.

O Senado também deixou as mulheres de fora da mesa diretora nas últimas eleições, o que gerou protestos entre as senadoras. Na Câmara, apenas a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) conseguiu 1 das 7 vagas titulares.

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