Datafolha: 51% defendem Bolsonaro inelegível; 45% são contra punição pelo TSE

Ex-presidente fez campanha contra as urnas eletrônicas e é alvo de 16 ações na Justiça Eleitoral

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São Paulo

Metade dos eleitores brasileiros quer que Jair Bolsonaro (PL) seja condenado por sua campanha contra as urnas eletrônicas e se torne inelegível por oito anos, conforme prevê a lei. Outros 45% acreditam que ele é inocente e deveria ser poupado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Para 51% dos entrevistados pelo Datafolha nos dias 29 e 30 de março, a perda dos direitos políticos é a punição mais correta para o ex-presidente, que trabalhou para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro mesmo antes de tomar posse, em 2019.

Já 45% acreditam que Bolsonaro deve ser liberado pela Justiça Eleitoral para disputar pleitos.

Não souberam avaliar a questão estimulada pelo Datafolha 4% dos 2.028 ouvidos. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Bolsonaro durante a fala a embaixadores estrangeiros na qual apresentou argumentos falsos contra o sistema eleitoral brasileiro, em 21 de julho de 2022
Bolsonaro durante a fala a embaixadores estrangeiros na qual apresentou argumentos falsos contra o sistema eleitoral brasileiro, em 21 de julho de 2022 - Reprodução

Nos meios políticos e jurídicos, há a avaliação de que o ex-presidente corre grande risco de ser condenado ao menos em 1 das 16 ações que correm contra si no Tribunal Superior Eleitoral. É aquela proposta pelo PDT que coloca no centro da discussão a reunião que Bolsonaro promoveu com embaixadores estrangeiros em julho do ano passado.

No encontro, ele desfiou seu rosário conspiratório contra a segurança das urnas eletrônicas, repassando argumentos falsos que já havia apresentado diversas vezes, como no caso de uma live em que dizia provar a fragilidade do mecanismo utilizado sem registro de problemas graves no Brasil desde que começou a ser usado em 1996.

Esta é a parte mais tangível das ameaças à democracia estimuladas pelo ex-presidente ao longo de seus quatro anos no poder.

Saudosista assumido da ditadura de 1964 e capitão reformado do Exército, sugeriu apoio militar a um autogolpe diversas vezes, só para recuar e dizer que jogava dentro "das quatro linhas da Constituição".

Ao fim, abandonou o país antes do fim do mandato para não passar a faixa a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e seus apoiadores radicalizaram-se até a apoplexia dos atos de 8 de janeiro em Brasília, em que as sedes dos três Poderes foram depredadas.

Bolsonaro, que voltou ao Brasil na semana passada após 89 dias de exílio voluntário na Flórida, diz que não há motivos para ser tornado ilegível.

A avaliação sobre o destino desejado ao ex-presidente segue o padrão de seu apoio no eleitorado. A defesa da punição é maior entre mulheres e os mais pobres, enquanto homens pró e contra a condenação empatam e os mais ricos, defendem liberar Bolsonaro.

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