Faça a hora que quiser fazer, diz Lula sobre Congresso criar CPI do 8/1

Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os ataques deve ser criada na próximo semana no Congresso

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Lisboa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste sábado (22) em Portugal que o Congresso pode criar a CPI mista do 8 de janeiro quando ele quiser, sem interferência do governo federal.

"CPI é por conta do Congresso Nacional. Ele decide quando ele quiser decidir. Faça a hora que quiser fazer. O presidente da República não vota no Congresso Nacional. Eu não voto no Senado, eu não voto na Câmara. Os deputados decidem."

Ao lado do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, Lula demonstrou incômodo com pergunta sobre problemas internos do Brasil e disse que tomará uma decisão sobre o futuro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) quando retornar ao país.

"Quando eu voltar vou tomar a decisão [sobre o GSI] que eu achar mais importante para o Brasil."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Lisboa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Lisboa - Patricia de Melo Moreira/AFP

Na última quarta-feira (19), o ministro-chefe do GSI, general Gonçalves Dias, pediu demissão do cargo após a divulgação de imagens que colocam em xeque a atuação do órgão durante o ataque golpista de 8 de janeiro.

A saída dele do governo ocorreu pouco depois de uma reunião com o presidente, que aceitou o pedido de demissão. Trata-se da primeira queda de ministro na atual gestão, três meses e 19 dias depois do começo do mandato.

A queda do comandante do GSI tornou inevitável a criação de uma CPI no Congresso sobre os atos golpistas, que já vinha sendo cobrada pela oposição sob resistência da gestão Lula, que agora mudou de estratégia.

Como mostrou a Folha, o governo vai tentar controlar a CPI para minimizar os estragos e limitar a ação do bolsonarismo, de forma a conter os desgastes após a primeira demissão de ministro na gestão petista.

Pelas contas do governo Lula, sua base de apoio terá direito a 21 das 32 cadeiras do colegiado —sendo 11 no Senado Federal e 10 na Câmara dos Deputados.

Para isso, o Palácio do Planalto vai precisar construir acordo com o blocão capitaneado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além de convencer o Republicanos —que integra outro bloco, também de viés centrista— a indicar um deputado mais próximo ao governo para o colegiado.

A crise que levou à saída do chefe do GSI teve como estopim a divulgação, pela CNN Brasil, de imagens do circuito interno da segurança durante a invasão da sede da Presidência da República que mostram uma ação colaborativa de agentes com golpistas e a presença de Gonçalves Dias no local.

O destino do general foi selado em meio à recusa de divulgar imagens da invasão ao Planalto. Uma semana após os ataques de 8 de janeiro, o governo divulgou vídeos editados, em particular com trechos que evidenciavam que os militantes eram aliados de Bolsonaro. No entanto, recusou um pedido da Folha, via Lei de Acesso à Informação, para divulgar a íntegra das gravações.

Lula decidiu nomear o ex-interventor da segurança no Distrito Federal Ricardo Cappelli para comandar interinamente o GSI.

Segundo as imagens da invasão ao Planalto, os golpistas receberam água dos militares e cumprimentaram agentes do GSI durante os ataques. Nos vídeos, o próprio general Gonçalves Dias circula pelo terceiro andar do palácio, na antessala do gabinete do presidente da República, enquanto os atos ocorriam no andar de baixo.

Também neste sábado, o presidente interino Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que o general Gonçalves Dias agiu corretamente ao pedir demissão. Alckmin deu a declaração à imprensa quando recebeu a família para um passei no Planalto. Ele estava acompanhado de seis netos, dois filhos e a esposa, Lu Alckmin.

"Eu acho que o G.Dias fez o correto, que foi pedir a demissão. Explicou que, naquele momento, tinha dificuldade de comando. Enfim, vamos aguardar."

Em Portugal, na mesma entrevista deste sábado, Lula ainda disse que o Brasil e o restante do mundo estão com suas democracias e suas instituições ameaçadas pela violência política e pelo discurso de ódio em tornos das fake news.

Lula ainda citou a extrema direita do Brasil, de Portugal e dos Estados Unidos e mencionou o PL das Fake News no Congresso, que deve ser analisado na semana que vem no plenário da Câmara dos Deputados.

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