Câmara faz acordo para fatiar PL das Fake News, e regulação de big techs perde força

Líderes querem votar nesta quarta texto sobre direitos autorais e articulam incluir item sobre remuneração a empresas de jornalismo

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Brasília

Líderes partidários na Câmara fecharam acordo para votar nesta quarta-feira (16) requerimento de urgência do projeto que trata do pagamento de direitos autorais a artistas.

Na prática, isso significará o fatiamento do PL das Fake News, que também trata da regulação das big techs.

Os parlamentares ainda articulam a inclusão, no texto dos direitos autorais, de dispositivos sobre remuneração a empresas de jornalismo, o que desagrada governistas.

Aliados do Palácio do Planalto temem que a divisão do PL 2630, relatado pelo deputado Orlando Silva (PC do B-SP), tire força do projeto original e que a regulação das big techs não avance neste semestre.

Sessão da Câmara durante votação da urgência do PL das Fake News
Sessão da Câmara durante votação da urgência do PL das Fake News, relatado por Orlando Silva (PC d B-SP) - Pedro Ladeira/Folhapress

Segundo líderes, dependendo do placar de votação da urgência (que trata apenas do rito de tramitação, para excluir a exigência de passar por outras comissões), o próprio mérito da proposta dos direitos autorais poderia ser analisado na mesma sessão. O mais provável, no entanto, é que fique para a próxima semana.

A previsão inicial era de que a urgência do texto, de autoria da deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), fosse apreciada no último dia 9, mas divergências dentro do próprio governo adiaram a votação do requerimento.

Com a aprovação da urgência, a proposta pode ir direto para votação em plenário. A relatoria será do líder da União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), aliado do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

Apesar da resistência de governistas, líderes articulam incluir no texto de Jandira a parte referente à remuneração de conteúdo jornalístico.

Há divergências entre os veículos de comunicação sobre a forma de remuneração por conteúdo jornalístico prevista no PL das Fake News. Entidades como Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) e ANJ (Associação Nacional de Jornais), que reúne os principais veículos de mídia, entre eles a Folha, defendem o projeto de lei; veículos menores temem perder financiamento por terem menor poder de barganha.

O PL de Jandira Feghali trata apenas da remuneração aos artistas a título de direitos autorais. Se houver acordo, a obrigação das plataformas de pagar por conteúdo jornalístico produzido pelas empresas de comunicação será acrescentada por Elmar Nascimento.

O PL das Fake News foi aprovado pelo Senado em 2020 e, se passar agora pela Câmara, voltará para a palavra final dos senadores. A proposta estava prevista para votação no início de maio, mas Orlando Silva pediu que ela fosse retirada de pauta devido ao risco de derrota em plenário.

Segundo líderes, a votação da parte do texto que trata da regulação das big techs ainda é incerta. Alguns avaliam que isso deve ocorrer apenas depois da apreciação do arcabouço fiscal. Outros não veem clima político para que o tema avance neste semestre.

Com o Congresso pressionado a agir após os atos golpistas de 8 de janeiro e os ataques em escolas, a Câmara dos Deputados acelerou a tramitação do projeto e aprovou em 25 de abril o regime de urgência do PL por 238 votos a 192.

A resistência à proposta foi liderada pelas big techs, por bolsonaristas e pela bancada evangélica no Congresso.

O texto atualmente em discussão junta contribuições da proposta aprovada pelo Senado e modificações incorporadas pelo relator na Câmara.

Entre os principais pontos da proposta aprovada no Senado estão o dever das plataformas de vetar contas inautênticas, a obrigatoriedade de divulgação de relatórios trimestrais de transparência sobre moderação de conteúdos, a possibilidade de provedores criarem instituição de autorregulação e multa de até 10% do faturamento do grupo econômico no Brasil em caso de descumprimento na lei.

Na Câmara, o relator incluiu, entre outros pontos, punição às big techs por conteúdos com violações à Lei do Estado Democrático, responsabilidade civil das plataformas por qualquer conteúdo impulsionado ou monetizado e transparência dos algoritmos de recomendação de conteúdo.

Para vencer a resistência na Câmara, o relator retirou do texto a criação de uma agência reguladora de supervisão das plataformas e deixou explícito o livre exercício de cultos religiosos e a "exposição plena" de seus dogmas e livros sagrados. Isso não foi suficiente, porém, para vencer a oposição à medida.

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