Marina ameniza reveses no Congresso: 'Situação não é fácil, governo não tem maioria'

Ministra do Meio Ambiente lamenta desidratação da pasta, elogia Lula e faz o 'L' com a mão, sinal de apoio ao petista

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Brasília

A ministra Marina Silva afirmou nesta quinta-feira (25) que tentará reverter a desidratação imposta pelo Congresso à pasta do Meio Ambiente, mas admitiu que o momento é difícil.

"Não está sendo uma situação fácil de manejar, porque o governo não tem maioria dentro do Congresso", disse durante a posse do novo presidente do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Mauro Pires.

Segundo Marina, o Congresso impõe ao governo uma contradição, já que, no seu entendimento, o Executivo prioriza a área ambiental, enquanto o Legislativo trabalhou para desmontar essa política.

A ministra usou uma metáfora de um violinista que segue tocando durante uma apresentação, mesmo enquanto suas cordas vão estourando uma a uma, para descrever como pensa em enfrentar a situação.

Marina Silva e Lula se encontram em almoço no Itamaraty, nesta quinta (25), um dia após Congresso impor derrota à ministra - Marina Dias - 25.mai.23/Washington Post

"Vivemos momentos de muitas contradições, e temos uma contradição que não depende da nossa vontade", disse. "Temos que resistir e vamos resistir", completou.

Como mostrou a Folha, durante a tramitação da medida provisória que desidratou a política ambiental, o Palácio do Planalto adotou como estratégia admitir derrotas no setor para preservar outros, como a Casa Civil.

Durante o evento desta quinta, Marina fez elogios ao presidente Lula (PT), relembrou os decretos editados pelo Planalto que contribuíram com a sua pasta e foi aplaudida de pé. Respondeu fazendo uma letra "L" com os dedos, sinal de apoio ao petista.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), participa da posse do novo presidente Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, e faz o "L" com a mão direita, em referência a Lula (PT)
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), participa da posse do novo presidente Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, e faz o "L" com a mão direita, em referência a Lula (PT) - Fábio Rodrigues-Pozzebom - 25.mai.23/Agência Brasil

Na quarta (24), o Congresso impôs, em um mesmo dia, uma série de derrotas à ministra —a principal delas, após a articulação política do governo ceder à pressão do centrão com aval de Lula.

O desgaste de Marina e da pauta ambiental, que já vinha sendo alvo de embates dentro do governo com a disputa entre Ibama e Petrobras devido ao plano de exploração de petróleo na foz do Amazonas, foi agravado diante do avanço de uma medida provisória de reorganização da Esplanada dos Ministérios.

A MP foi aprovada por uma comissão mista formada por deputados e senadores e prevê mudanças na estrutura do governo que fortalecem o centrão e retiram poder de Marina.

Na noite de quarta, a ministra sofreu ainda outras derrotas no plenário da Câmara. Deputados votaram uma MP editada no final do governo Jair Bolsonaro (PL) e retomaram trechos que afrouxam as regras de proteção da mata atlântica —itens que tinham sido retirados pelo Senado. O texto segue para sanção de Lula.

A Câmara ainda aprovou um pedido de urgência (para acelerar a tramitação) para um projeto do Marco Temporal, que limita a demarcação de terras indígenas aos territórios ocupados até a promulgação da Constituição de 1988. O requerimento foi aprovado por 324 a 131.

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