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Polícia Federal realiza buscas na Assembleia do Amapá
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JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO
A Polícia Federal cumpriu na manhã de hoje (16) mandados de busca e apreensão na Assembleia Legislativa do Amapá e em moradias de funcionários da Casa. Na casa de um assessor parlamentar, a PF apreendeu R$ 11 mil em dinheiro vivo.
As buscas são mais uma etapa da Operação Mãos Limpas, que investiga um suposto esquema de desvio de verbas por políticos, empresários e funcionários públicos do Estado.
Os agentes chegaram à Assembleia por volta de 8h e realizaram buscas nos gabinetes dos deputados e no anexo da Assembleia onde funciona a Secretaria de Finanças da Casa. Computadores e cerca de 200 documentos foram apreendidos. Os agentes deixaram o prédio por volta de 13h.
A Assembleia afirmou que dois funcionários foram conduzidos de forma coercitiva (quando alguém é levado pelos policiais para depor) pela Polícia Federal até a sede da superintendência do órgão no Estado.
Segundo a assessoria da Assembleia, um dos funcionários é a secretária do presidente da Casa, Jorge Amanajás (PSDB), e o outro trabalha no setor de finanças. Seus nomes não foram divulgados.
A PF investiga supostas fraudes na folha de pagamento, como a contratação de funcionários fantasmas, falsos pagamentos de diárias e uso de verbas indenizatórias pelos deputados.
Segundo a PF, os valores das verbas indenizatórias recebidos pela maioria dos deputados nos últimos meses variou entre R$ 10 mil e R$ 40 mil. Além dos valores elevados, os registros de despesa mostram valores redondos.
O teto estabelecido pela Assembleia previa que os deputados podiam pedir até R$ 50 mil. Um deputado estadual chegou a incluir como despesa na verba indenizatória o aluguel de um veículo Palio por R$ 3.600 por dia.
Apenas as prestações de contas de um dos 24 deputados não levantou suspeitas da Polícia Federal.
A assessoria da Assembleia afirmou que não poderia comentar as suspeitas porque a PF ainda não se reuniu e divulgou oficialmente os motivos das buscas. A assessoria também disse que o presidente da Assembleia, Jorge Amanajás, não poderia comentar a ação porque está viajando.
Não é a primeira vez que a PF apreende computadores e documentos na Assembleia Legislativa. Desde setembro, quando a Operação Mãos Limpas foi deflagrada, a PF já realizou buscas na Casa. Na primeira fase da operação, Amanajás, então candidato ao governo do Estado, chegou a ser levado de forma coercitiva pela PF para depor.
MÃOS LIMPAS
No dia 10 de setembro, na primeira fase da operação, a PF chegou a prender o governador do Estado, Pedro Paulo Dias (PP), por suspeita de participação no esquema. Ele passou dez dias na sede Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Solto, ele reassumiu o cargo. Dias, que tentava a reeleição, acabou derrotado no primeiro turno. .
Ao todo, foram cumpridos 18 mandados de prisão no dia 10. Entre os presos, além do governador, estavam o ex-governador e candidato ao Senado Waldez Góes (PDT), aliado do senador José Sarney (PMDB) no Amapá, e o presidente do Tribunal de Contas do Estado, José Júlio de Miranda Coelho. Todos negam envolvimento nas irregularidades.
DESVIOS
Segundo a PF, as investigações da Mãos Limpas revelaram indícios de um esquema que desviou R$ 300 milhões de recursos da União que eram repassados para a Secretaria da Educação do Amapá.
Ainda segundo a PF, também foram identificados desvios de recursos no Tribunal de Contas do Estado, na Assembleia Legislativa e em diversas secretarias de Estado.
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