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Casa de líder quilombola é alvo de tiros no Maranhão
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AGUIRRE TALENTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um líder de uma comunidade quilombola do interior do Maranhão que disputa terras com um fazendeiro local teve sua casa atingida por três tiros na última sexta-feira (27).
Almirandi Costa, 41, disse ter interpretado os disparos como uma ameaça à sua atuação pela demarcação da terra quilombola.
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O quilombo do Charco, localizado no município de São Vicente de Ferrér (75 km de São Luís), está localizado em terreno da propriedade rural da família de Gentil Gomes.
A área é dividida em quatro fazendas, que somam 1.400 hectares. Desde 2009, tramita no Incra um processo que estuda reconhecer parte das fazendas como território quilombola, o que geraria a desapropriação e indenização ao fazendeiro.
Dois filhos de Gentil Gomes já foram presos preventivamente, em abril deste ano, sob acusação de serem os mandantes do assassinato de outro líder da comunidade quilombola, Flaviano Pinto Neto, em 2010.
Eles foram soltos há duas semanas após o Tribunal de Justiça do Maranhão conceder habeas corpus. O caso ainda tramita na Justiça.
Representantes da Comissão Pastoral da Terra e da Comissão de Direitos Humanos da OAB do Maranhão afirmam que a família Gomes também é suspeita de ordenar os tiros contra a casa de Costa, que é vice-presidente da Associação dos Quilombos do Povoado de Charco.
No entanto, o delegado que investiga o caso, Armando Silva, diz ainda não ter indícios que permitam atribuir a nova ameaça aos fazendeiros. "Uma das linhas da investigação é que está relacionado ao conflito pela terra, mas não há nada certo ainda", disse.
Costa relata que, após a morte de Pinto Neto, em outubro do ano passado, um dos filhos do fazendeiro havia ameaçado outras lideranças da comunidade quilombola. "Ele foi lá e disse que um já morreu e ainda tinha dez na lista para morrer", contou.
Segundo ele, um carro ficou parado por cerca de quinze minutos na porta de sua casa, na noite da última sexta. Um homem, então, saiu do veículo e fez os disparos, conta.
Uma outra liderança da comunidade quilombola, Manoel Santana da Costa, hoje anda sob escolta da Força de Segurança Nacional. Ele recebeu ameaças por telefone em agosto de 2010.
O advogado dos fazendeiros, Armando Serejo, diz que "eles estão sendo vítimas de uma acusação indevida".
Segundo Serejo, eles não têm interesse em brigar pelo território, porque, caso haja desapropriação, eles serão indenizados. Conforme o advogado, nunca houve ameaça de seus clientes aos quilombolas.
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