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19/07/2011 - 19h35

Inquérito aponta suspeito de mandar matar casal no Pará

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FELIPE LUCHETE
DE BELÉM

O inquérito da Polícia Civil do Pará sobre o assassinato do casal de extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, mortos em 24 de maio, aponta como mandante do crime José Rodrigues Moreira, dono de terras no assentamento onde eles viviam.

A Folha apurou que ele é suspeito de ter encomendado a morte a dois homens, cujos retratos falados já haviam sido divulgados no mês passado.

O resultado das investigações, protocolado na segunda-feira (18) na Justiça, deve ser divulgado oficialmente na quarta-feira (20).

France Presse
José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foram mortos em 24 de maio
José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foram mortos em 24 de maio

O crime ocorreu em Nova Ipixuna, no sudeste do Estado, e os três devem ser indiciados sob suspeita de duplo homicídio triplamente qualificado.

José Rodrigues, como é conhecido na região, chegou no ano passado ao assentamento Praialta Piranheira, vindo de Novo Repartimento (sudoeste do Pará).

Ele comprou duas áreas (uma em nome da sogra), de 13 e 16 alqueires --equivalente no total a cerca de 79 hectares, ou 790 mil metros quadrados.

Em dezembro de 2010, José Claudio havia declarado à CPT (Comissão Pastoral da Terra) que Rodrigues comprou as terras da dona de um cartório em Marabá. No documento, o extrativista diz que ela tomara as áreas irregularmente.

Ele ainda acusou Rodrigues de ter incendiado casas de dois agricultores em novembro, com o pretexto de que ele era dono das terras.

Em maio, os mesmos agricultores foram retirados do local com a família por homens da Força Nacional de Segurança.

Eles estão temporariamente sob os cuidados do programa de direitos humanos vinculado à Defensoria Pública do Pará, mesmo não tendo se encaixado nos critérios para receber proteção.

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) diz que investiga se há irregularidades em propriedades do assentamento.

Rodrigues é considerado foragido. Pessoas ligadas ao casal disseram que ele tem cerca de 55 anos e deixou o assentamento uma semana após o assassinato. A Folha não conseguiu localizá-lo.

A polícia chegou a pedir duas vezes a prisão preventiva dos suspeitos, mas não foi atendida pela Justiça.

Tarso Sarraf - 26.mai.2011/Folhapress
Multidão acompanha enterro dos extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher, no Pará, em 26 de maio
Multidão acompanha enterro dos extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher, no Pará, em 26 de maio

EMBOSCADA

No dia 24 de maio, o casal caiu numa emboscada ao passar de moto por uma ponte precária do assentamento.

Eles andavam com pelo menos R$ 700, que foram levados pelos assassinos. A polícia descartou, contudo, que o crime tenha sido motivado por um assalto.

No local onde os dois foram mortos, um monumento hoje relembra fala de José Claudio durante uma palestra em Manaus (AM).

Ele havia dito que vivia ameaçado de morte e poderia ter o mesmo destino do seringueiro Chico Mendes e da missionária Dorothy Stang, outros líderes assassinados na Amazônia.

A Polícia Federal, que também investiga o duplo homicídio, prevê encerrar o inquérito no fim do mês.

Outros três assassinatos no campo foram registrados no Pará após a morte dos extrativistas. Ninguém foi preso. A polícia diz que não encerrou os inquéritos, mas nega relação com conflitos agrários.

 

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