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Promessômetro: 'Cercar cracolândia' e propostas para segurança são pouco viáveis, diz especialista

Joel Silva/Folhapress
SAO PAULO,SP BRASIL- 10-08-2016 :Mesmo apos operacao policial, continua o fluxo na cracolandia. ( Foto: Joel Silva/ Folhapress ) ***ESPECIAL *** ( ***EXCLUSIVO FOLHA***)
Operação policial na cracolândia, região central de São Paulo

A ideia de colocar barreiras policiais e isolar a área conhecida como cracolândia, no centro de São Paulo, dificilmente sairá do papel.

A análise é de Ivan Marques, diretor-executivo do Instituto Sou da Paz. Para ele, a proposta apresentada pelo candidato Celso Russomanno (PRB) esbarra em questões legais e afeta diretamente a vida de quem mora no bairro.

Editoria de Arte/Folhapress

Segundo Marques, a ideia "inutilizaria a região central da cidade, já que esse espaço não é só dos usuários de droga. Tem uma vida no centro da cidade que vai ser inviabilizada, tem comércio e residências ali".

"Vejo viabilidade baixíssima. Teria que criar restrição enorme no direito de ir e vir", afirma. "Se for entrar no critério da análise de circulação de pessoas nessa região, imagina o transtorno. Espanta que essa proposta venha de um candidato a prefeito."

OUTRAS PROPOSTAS

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Marques afirma que a ideia apresentada por Fernando Haddad (PT) de instalar "câmeras inteligentes" em postes da cidade "em si não é ruim, mas a execução parece baixíssimo viável".

"É uma realidade em cidades grandes como Nova York e Londres, mas nesses lugares as câmeras estão ligadas às polícias", diz. "A competência do município para tomar essas providências acaba dependendo do Estado, e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) já trouxe algo semelhante no Programa Detecta, que até hoje está em fase piloto tentando decolar."

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Uma das principais bandeiras de João Doria (PSDB) é integrar as polícias Militar e Civil à GCM (Guarda Civil Metropolitana). Para o diretor do Instituto Sou da Paz, também é algo difícil de ser realizado.

"Hoje já temos dificuldade de integração entre [polícia] Civil e Militar, que são da mesma esfera governamental. Quando se coloca a GCM com a PM, estamos falando de sistemas diferentes, tipos de trabalho diferentes", afirma.

Em documento com sugestões a candidatos para a área de segurança pública, o Sou da Paz defende a "troca de inteligência" entre guarda e polícia. "Integração de fato, porém, como parece ser a proposta de Doria, é não só inviável do ponto de vista operacional, mas também equivocado do teórico, já que finalidade da GCM é diferente da PM", diz Marques.

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Durante conversa com moradores da região central de São Paulo, Marta Suplicy (PMDB) afirmou que guardas da GCM deveriam ser deslocados para a porta de escolas da cidade como forma de combater a violência e o tráfico de drogas. Para Ivan Marques, a promessa é "difícil de ser implementada".

"É uma escolha que tem que ser feita, já que o efetivo da guarda não vai aumentar da noite pro dia. Teria que tirar de outras atividades para colocar nas saídas de escolas, que são muitas em São Paulo", afirma. "Além disso, na questão prática, em comparação com a PM, essas forças são menos treinadas, capacitadas e equipadas para tratar questões como essa."

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Segundo Marques, das propostas na área de segurança pública apresentadas até aqui, a que se mostra mais viável e eficaz é a instalação de lâmpadas de LED na cidade, uma das principais bandeiras de Fernando Haddad e também apoiada por Russomanno.

Para o especialista, é uma iniciativa focada no "lado preventivo" que diz respeito diretamente aos prefeitos. "A proposta já começou no atual governo e dialoga com a necessidade da prefeitura de fornecer iluminação adequada em lugares que a criminalidade poderia atuar sem maior monitoramento", diz Marques.

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