Contra o PMDB, Freixo e Jandira buscam voto útil
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A candidata a prefeita do Rio Jandira Feghali faz panfletagem |
Faltando duas semanas para a eleição no Rio, Marcelo Freixo (PSOL) e Jandira Feghali (PC do B) tentam atrair "voto útil" contra o peemedebista Pedro Paulo, candidato do prefeito Eduardo Paes, na briga por uma vaga no segundo turno.
A disputa já criou rusgas entre os dois nomes da esquerda. Freixo tem subido o tom em indiretas contra a adversária, com quem está empatado tecnicamente em segundo lugar nas pesquisas.
Em comício na quinta-feira (15), o candidato do PSOL disse ser o único com condições de vencer Pedro Paulo porque "nunca pagamos pedágio para o PMDB".
"Eu nunca me aliei ao PMDB, nem aqui, nem em lugar nenhum. Porque PMDB é luta de classe, entende a cidade de outra maneira. Não governa a cidade da maneira que nós vamos governar. Não dá para governar junto", afirmou Freixo, em comício no Largo da Carioca.
A fala foi vista na campanha de Jandira como um ataque em razão do apoio do PC do B à gestão Paes por sete anos. Ela foi secretária municipal de Cultura por um ano e meio no primeiro mandato do peemedebista. A sigla entregou os cargos em setembro de 2015.
José Lucena/Futura Press/Folhapress | ||
O deputado Marcelo Freixo em coletiva após ter sua candidatura à prefeitura da capital carioca, oficializada |
Freixo, Jandira e Alessandro Molon (Rede) firmaram em junho um pacto de não agressão no primeiro turno e um compromisso mútuo de apoio caso algum deles chegue ao segundo turno.
Uma aliança na primeira etapa foi vista como inviável, em razão das divergências entre os partidos.
Contudo a duas semanas da eleição, Freixo tem 11%, Jandira e Pedro Paulo, 8%, das intenções de voto. Os dois candidatos de esquerda buscam atrair o voto útil dos eleitores deste campo político para tentar superar o adversário do PMDB.
"Não vai partir de mim nenhum tipo de crítica [contra Freixo]. Meu alvo não é a esquerda, está na direita. Não tenho a arrogância de achar que sou a verdade única da esquerda. Infelizmente alguns têm", disse Jandira.
Coletivos que apoiam o candidato do PSOL publicaram nas redes sociais vídeos de campanha de 2008 e 2012 em que Jandira elogia Paes.
"As alianças que a esquerda fez com o PMDB no Rio tinham como questão central o apoio a Lula e Dilma. Foi um preço nacional pago. Mas em nenhum momento faltou crítica sobre a concepção de cidade", disse Jandira.
Freixo afirma que toma "cuidado para não dividir mais a esquerda". "Não tem nenhuma fala ofensiva. Mas é um fato que a nossa candidatura tem mais chance de derrotar o PMDB."
O entrevero, porém, envolveu inclusive os vices das duas chapas num debate promovido por estudantes da Fiocruz. A advogada Luciana Boiteaux (PSOL) criticou o fato de o PT, que integra a chapa do PC do B, manter alianças com o PMDB em cidades da região metropolitana do Rio de Janeiro.
"Com alianças como essa tinha que, no mínimo, fazer uma autocrítica e nunca mais repetir", criticou ela.
"Não sou adversário do PSOL. É fundamental que a gente tenha postura de não ataque como vem se dando aqui. Nosso adversário aqui é a direita. Não temos que ficar nos digladiando para ver quem é mais esquerda", respondeu Edson Santos (PT), vice na chapa de Jandira.
Os dois apostam no voto útil nas últimas semanas para superar Pedro Paulo. De acordo com o último Datafolha, o peemedebista foi quem mais oscilou positivamente após o início do horário eleitoral —três pontos, no limite da margem de erro.
Enquanto Freixo e Jandira disputam a mesma faixa do eleitorado, Pedro Paulo tem herdado parte dos eleitores que deixam a candidatura de Flávio Bolsonaro (PSC). O líder nas pesquisas é o senador Marcelo Crivella, do PRB.