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Em debate, Marta vira alvo por associação a Temer

A duas semanas do primeiro turno das eleições municipais, candidatos a prefeito de São Paulo criticaram o governo Michel Temer (PMDB) e o nome de seu partido na corrida, Marta Suplicy, em debate na TV Gazeta. O encontro foi realizado em parceria com o jornal "O Estado de S. Paulo" e o Twitter.

Marta, alvo de grande parte dos ataques em razão da associação com o presidente, foi cobrada pelos adversários a respeito de políticas federais polêmicas como a reforma trabalhista e o teto para gastos públicos.

Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto (com 21%, segundo o Datafolha), ela foi citada pelo prefeito Fernando Haddad (PT), que ocupa numericamente o quarto lugar na busca pela reeleição, com 9%.

A senadora Marta apoia o governo Temer", disse Haddad, ao questionar a candidata do PSOL, Luiza Erundina, sobre a proposta federal de congelamento dos gastos públicos por até 20 anos, em tramitação na Câmara dos Deputados. Segundo Haddad, a medida vai prejudicar investimentos sociais.

"Sou contra o golpe, sou contra o governo Temer e vou lutar contra todas as medidas que ele usa como pagamento para o golpe", respondeu Erundina.

Na plateia, junto aos apoiadores de Marta, estavam os peemedebistas José Yunes, amigo do presidente Michel Temer, e Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), entidade que apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma.

Cada vez que Erundina ou Haddad apontavam a ocorrência de um golpe contra Dilma, os dois demonstravam constrangimento.

Líder na pesquisa Datafolha, com 26%, Celso Russomanno (PRB) também associou Marta ao presidente ao ser questionado por jornalistas sobre a proposta de reforma trabalhista.
O deputado e apresentador de TV afirmou ser contrário à possibilidade de aumento da jornada de trabalho.

"É você, Marta, que precisa responder isso. É o seu partido que está querendo fazer uma reforma. É o seu partido que quer apenar os trabalhadores", afirmou.
Marta afirmou que as mudanças pretendidas por Temer não estão definidas e que o aumento da jornada é uma proposta do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, "do PTB da vice de Russomanno", Marlene Campos.

A senadora também foi perguntada sobre a mudança de partido –em 2015, ela trocou o PT pelo PMDB–, apesar de acusações sobre envolvimento de membros da nova legenda com escândalos de corrupção.

Marta disse que ficou ficou desiludida com fato de dirigentes do PT buscarem a "perpetuação do poder" por meio de um "sistema orgânico de corrupção" –argumentação semelhante à usada pela força-tarefa da Lava Jato na denúncia contra o ex-presidente Lula, na semana passada.

"Tinha que escolher um partido forte, grande, e eu eu não encontrei nenhum que não tinha gente investigada", justificou Marta.

"A candidata é incoerente. O PMDB é o partido do Cunha", rebateu Erundina, citando o ex-presidente da Câmara, cassado na semana passada.

"Eu apoio a Lava Jato, independente de quem seja investigado. Sou ficha-limpa, não tenho acusações e estou há mais de 30 anos na política", completou Marta.

A peemedebista, por sua vez, tentou sair das cordas atacando João Doria (PSDB), candidato que mais cresceu nas pesquisas de opinião.

Tentou desconstruir o principal discurso do tucano: Doria tenta passar a imagem de que é administrador de empresas e não político, e por isso será um bom gestor na Prefeitura. Marta, porém, procurou enfatizar que nada adianta "um gestor sem coração", que não olha para o povo.

Ao fim do debate, também disse que Doria fugiu da pergunta sobre educação inclusiva. "Quem tem vocação para negócios "" nada contra "" tem vocação para o lucro. Vai ser um bom gestor para os ricos", disse Marta.

PT

Haddad também foi questionado sobre temas envolvendo o seu partido. Ao responder se temia que as acusações contra a sigla contaminassem sua campanha, o prefeito disse ser coerente e que tinha orgulho dos seus feitos enquanto ministro da Educação de Lula.

"Se alguém aqui é coerente, sou eu que nunca mudei de partido nos últimos 30 anos", disse.

"O seu partido está obrigando todo o mundo a defender o Lula na TV", comentou Major Olímpio (SD).

Doria também atacou o prefeito ao falar que ele não poderia ser exemplo de eficiência de gestão por estar em um partido que promoveu "12 milhões de desempregados" e "introduziu a corrupção".

Doria defendeu em suas falas seu padrinho político, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), que compareceu ao debate mas foi embora após o segundo bloco do evento.

Acusado por Haddad de ter anunciado acabar com o serviço do aplicativo de transporte Uber, mas mudado de posição após críticas, Russomanno afirmou que Haddad deveria cobrar transparência da empresa.

"Haddad, você tem um sobrinho que trabalha no Uber, tem todas as informações", disse o líder nas pesquisas.

O prefeito também foi atacado por sua gestão ter decretado sigilo sobre informações sobre a frota do Uber e outras empresas de transporte individual na última sexta (17).

A administração Haddad recuou da medida após publicação da Folha sobre o assunto no sábado (18).

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