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Contra Doria, um terço dos dirigentes do PSDB deixam cargos na executiva paulistana do partido

Antonio Cicero/FramePhoto/Folhapress
O candidato a prefeitura de Sao Paulo pelo PSDB, João Doria
O candidato a prefeitura de Sao Paulo pelo PSDB, João Doria

Um terço dos integrantes da cúpula do PSDB paulistano abdicou, nesta sexta (23), de seus cargos na executiva municipal da sigla num movimento de boicote à candidatura de João Doria (PSDB) à Prefeitura de São Paulo.

A decisão dos sete dirigentes da sigla foi comunicada oficialmente em manifesto ao qual a Folha teve acesso.

Entre os que abandonaram a direção do partido estão a secretária-geral, Rita de Cássia Sanches, e o tesoureiro da sigla, Gláucio Lima Franca -segundo e terceiro cargos na hierarquia. Há ainda nomes como Elói Estrela, presidente municipal do Tucanafro.

O manifesto cita quadros históricos, como Mário Covas e Tancredo Neves, e diz não aceitar que valores dos "fundadores" sejam relegados "para servir ao falso novo".

"Somos forçados, neste momento, quando deseja nos representar alguém que simboliza tudo contra o que lutamos desde a nossa fundação, a dizer não a esta candidatura", afirmam no texto.

O manifesto, intitulado "Nota dos Tucanos Autênticos da Cidade de São Paulo", amplia a exposição da divisão da sigla em torno de Doria. O nome dado ao texto é uma variante da alcunha que recebeu o primeiro grupo de dissidentes do PSDB paulistano, que se autointitulou "peessedebistas autênticos".

O primeiro movimento declarou apoio explícito à candidatura de Marta Suplicy (PMDB), uma das rivais de Doria na disputa municipal. O caso levou o diretório estadual da sigla a intervir e suspender os dissidentes.
Desta vez o nome de Marta não é citado, mas há uma série de menções às prévias que elegeram Doria candidato.

A disputa interna é a raiz do racha no partido. Deixou extremamente descontentes os apoiadores do vereador Andrea Matarazzo (PSD), que disputou contra Doria e acabou deixando o partido.

Hoje, Matarazzo é vice de Marta. "Transformaram nossas prévias em farsa", diz o texto. "O que deveria ser a expressão legítima da nossa democracia interna fracassou."

O texto ainda critica a "intervenção do diretório estadual", controlado por aliados do governador Geraldo Alckmin (PSDB), padrinho de Doria, que teria impedido a apuração das queixas de abuso de poder político, econômico, de propaganda irregular e compra de votos na campanha de Doria nas prévias.

"Aprendemos com Mário Covas que 'lealdade é um valor praticado entre companheiros, mas há uma forma que se sobrepõe: a lealdade ao país e à cidade' (...) Por esse conjunto de valores, não podemos votar em Doria."

Procurado, o presidente do PSDB municipal, Mário Covas Neto, o Zuzinha, lamentou o episódio, especialmente sobre Rita de Cássia e Gláucio, que teriam trabalhado com dedicação, apesar de darem sinais claros de apoio a Matarazzo.

"De certa forma, fico aliviado. Há queixas contra a conduta deles. Espero que sirva de exemplo. Os que não estão felizes, saiam e procurem um lugar em que fiquem bem", disse.

"O nosso candidato lidera as pesquisas, vai vencer as eleições. E estão contestando? Ele não precisa lidar com isso", concluiu.

Reprodução
Documento assinado por tucanos descontentes com João Doria
Documento assinado por tucanos descontentes com João Doria
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