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Poá tem primeira eleição após prefeito Testinha sofrer impeachment

Um chefe do Executivo que sofreu impeachment após perder apoio do Legislativo e de seu vice. A história recente ocorrida na Presidência da República aconteceu também em Poá, cidade de 106 mil habitantes na parte leste da Grande São Paulo.

O município vive a primeira eleição após o afastamento do prefeito Francisco Pereira de Souza, o Testinha (SD). Em 2012, ele foi reeleito com ampla maioria dos votos (77%), numa coligação que reunia partidos de esquerda e de direita.

Porém, o que a maioria da população não esperava é que o prefeito, que fez carreira no comércio, perderia o apoio parlamentar alguns meses após a reeleição.

O primeiro afastamento de Testinha foi em abril de 2014. Na ocasião, a Câmara acusou o prefeito de abuso de poder ao aumentar a taxa do lixo, e seu afastamento foi aprovado por 13 votos a 3. O fato causou surpresa, já que o prefeito tinha, até então, maioria no Legislativo.

Testinha retornou ao cargo por uma liminar, mas voltou a ser afastado por mais quatro vezes, até a sua cassação definitiva em setembro de 2014.

Após o impeachment, o empresário Marcos Borges (PPS) passou a comandar a cidade. Borges não era bem um desconhecido da população poaense. Já havia se candidatado ao cargo de prefeito nos anos 1980, sem sucesso. Foi eleito vice-prefeito na chapa do então vereador Testinha em 2008.

Após a cassação, Testinha e seus aliados acusaram a Câmara de Poá de aplicar um "golpe parlamentar". O PC do B chegou a divulgar uma nota comparando Testinha a Salvador Allende, presidente chileno deposto com o golpe militar liderado por Augusto Pinochet em 1973.

O Solidariedade, partido de Testinha, viria a ser um dos articuladores do impeachment de Dilma poucos meses após a queda do prefeito.

LADOS OPOSTOS

Dois anos após o episódio, os poaenses vão às urnas eleger seu novo prefeito com a sombra do passado.

Para Marcos Borges, que tenta a reeleição como chefe do Executivo, o momento é de pensar no futuro. "Assumi a cidade há pouco menos de dois anos. Paguei as dívidas e coloquei a casa em ordem. Avançamos e temos muito mais para avançar", afirmou o mandatário, em um debate realizado por um jornal local.

Já Testinha e seus aliados lançaram o ex-secretário de Governo Geraldo Oliveira (SD) como candidato oficial do antigo governo.

O postulante chegou a adotar a expressão "Geraldo do Testinha" como nome de campanha, mas a Justiça Eleitoral determinou que o candidato deveria parar de utilizar a alcunha, já que ela poderia provocar "confusão aos eleitores".

Há poucos dias da eleição, muitos poaenses já optaram por ficar de fora da antiga polarização. É o caso da estudante de arquitetura Isabela Lemes, 20. "Votarei nulo. Gostava do Testinha, mas não votarei em um candidato só porque ele indicou. Também não gosto do Marcos, a cidade teve uma queda com ele", afirma.

Para além de Borges e Geraldo, outros seis candidatos disputam a chefia do Executivo poaense. Dentre eles, a chapa formada pelos vereadores Giancarlo Lopes (PR) e Marcos Ribeiro da Costa (PDT), o Marquinhos Indaiá, é a que mais se destaca.

Gian foi o vereador mais votado do último pleito, enquanto Marquinhos era o presidente da Câmara Municipal. Giancarlo votou contra a cassação de Testinha, e Marquinhos, a favor.

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