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Líderes nas pesquisas, Marta, Russomanno e Doria ficaram conhecidos na TV

Quando nenhum dos três era político, Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB) e João Doria Jr. (PSDB), já tinham uma ocupação em comum: apresentadores de TV.

Colunista de sexo e comportamento do "TV Mulher", programa transgressor da Globo sobre o universo feminino, Marta chocou donas de casa ao falar abertamente sobre pênis e vagina no canal de maior audiência do país. Saiu de cena com o fim do "TV Mulher", em 1986 –um ano antes da estreia de Russomanno como repórter da noite e celebridades no "Circuito Night & Day", na Gazeta.

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Marta Suplicy, psicóloga, apresentava quadro sobre sexo no 'Tv Mulher' (Globo), nos 1980
Marta Suplicy, psicóloga, apresentava quadro sobre sexo no 'Tv Mulher' (Globo), nos 1980

Quatro anos mais tarde, o publicitário João Doria começava o talk show "Sucesso" na Band, onde trabalhara como diretor de comunicação, depois de passar pelo comercial da extinta TV Tupi.

'BUSINESS'

Na época, Luiza Erundina –hoje rival na campanha – era a prefeita de São Paulo, vista com desconfiança pelos moradores dos Jardins. E o "Sucesso" era tão a cara do bairro como a figura do próprio Doria ou frequentar o restaurante Esplanada Grill, como retratou a reportagem "Jardins-Brega", que a Folha publicou em janeiro de 1990.

No talk show, Doria entrevistava dirigentes de multinacionais como a Philips e estrelas de Hollywood do quilate de Robert de Niro.

O "Business", outra atração do gênero que estrelou na Manchete em 1992, reservava-se apenas para os homens de negócios, em conversas empresariais.

Alguns convidados da época figuram até hoje nos porta-retratos que cobrem as paredes de uma sala no Grupo Doria. Estão lá retratos com o roqueiro Sting, líder do The Police, e Fernando Henrique Cardoso, atual colega de partido, que entrevistou no Palácio do Planalto pelo "Business", rebatizado na Band como "Show Business".

A divisão de assuntos o acompanha até hoje. Além do "Show Business", voltado ao empreendedorismo, ele está desde setembro de 2015 no "Face a Face" no canal pago Band News, em que se senta à mesa com figuras mais conhecidas como Ratinho, Sergio Reis e o maestro João Carlos Martins. Durante a campanha, foi substituído por Adriane Galisteu no "Face a Face" e pelo palestrante Luiz Marins, no "Show Business".

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Dória à frente do 'Show Business', na Band; empresário negociou programa na Tv Cultura
Doria à frente do 'Show Business', na Band; empresário negociou programa na Tv Cultura

Doria quase ganhou outra vitrine na TV aberta no ano passado, além da Band. A ideia original do "Face a Face" era para a grade da TV Cultura, emissora pública do governo de São Paulo.

O talk show chegou a ganhar um projeto de cenografia, mas não saiu do papel por falta de verba.

Neste ano, o governo Alckmin, principal apoiador do candidato no PSDB, diminuiu em 53,4% os repasses para a Cultura. Em 2015, o Estado investiu R$ 395 mil em publicidade no "Show Business", segundo a empresa Controle da Concorrência, que monitora publicidade na TV. O talk show, exibido à meia-noite de domingo, não chega a um ponto de audiência –em São Paulo, cada ponto equivale a 69 mil domicílios.

"A importância da TV para ele não é como para nós, de aparecer, ter visibilidade e fechar outros contratos. É na contramão disso. A televisão, hoje, pode reverberar o que ele já acreditava, multiplicar o que gostaria de falar", conta Cássia Azem, assistente que acompanha Doria desde os anos 1980, quando ele chefiava a Paulistur.

Cássia convida os entrevistados de Doria e esteve com ele em todas as suas estreias na TV. Diz que nunca o percebeu nervoso –"ele é a mesma coisa aqui e em qualquer lugar"– e que é o próprio empresário quem organiza a agenda, reservada às sextas para as gravações.

Em 2010, o candidato acumulou com a gestão do Grupo Doria e o "Show Business" a apresentação de "O Aprendiz", o que o obrigava a se deslocar pela cidade de helicóptero para chegar aos compromissos a tempo (ele é conhecido pela pontualidade).

Na versão brasileira do reality show, estrelado nos EUA por Donald Trump, ele demitia os concorrentes após competições sobre negócios. Acabou contratando para suas empresas alguns dos participantes que dispensou na TV.

Qualquer coincidência entre o tucano e o republicano se restringe ao "Aprendiz", afirma José Amâncio, diretor do programa. "O Doria já era um homem de televisão", explica ele sobre o apresentador que acabou substituindo o publicitário Roberto Justus, mas já era uma das opções da Record quando importou o programa, em 2004.

DA NOITE PRO DIA

A emissora do bispo Edir Macedo, da Universal, também é a casa de Celso Russomanno desde 2009.

Lá, ele comanda o "Patrulha do Consumidor", atualmente um quadro de cerca de 20 minutos exibido no telejornal "Cidade Alerta", de Marcelo Rezende. Com o vigor que carrega desde o "Aqui Agora" (SBT), que o alçou ao estrelato nos anos 1990, ele empunha o microfone para cobrar de atendentes de lojas a servidores de posto de saúde desrespeito ao atendimento do público.

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Russomanno ficou famoso nos anos 1990 no 'Aqui Agora', telejornal vespertino do SBT
Russomanno ficou famoso nos anos 1990 no 'Aqui Agora', telejornal vespertino do SBT

Também como nos tempos do "Aqui Agora", Russomanno alavanca a audiência quando entra no ar: hoje, chega a 9 pontos na Grande São Paulo –ou 1,7 milhão de pessoas, segundo o Ibope.

Russomanno relutou em deixar o "Night & Day", uma versão lado B do glamuroso "Flash" (Band), de Amaury Jr. Perguntava a modelos de que parte mais gostavam no corpo ou se os mamilos costumavam ficar sempre duros, como numa entrevista no Carnaval.

A contundência de sua performance no hospital São Camilo, onde filmou em outubro de 1990 o que considerou como negligência de atendimento médico a sua mulher que morreu na instituição, chamou a atenção da direção do SBT. Em junho de 1994, a Justiça absolveu a instituição e decidiu que não houve erro médico no caso.

Na época, o canal de Silvio Santos buscava para o "Aqui Agora", telejornal que estreou em 1991, repórteres como o jovem apresentador do "Night & Day", capazes de conduzir reportagens frenéticas.

Russomanno começou cobrindo polícia no "Aqui Agora". A chefia queria o bacharel em direito falando sobre defesa do consumidor –uma cobertura valiosa em tempos de redemocratização do país.

Acabou na função substituindo o titular Luís Ceará, por ordem da direção. Por entender detalhes da legislação, deu show. Quando entrava, elevava o ibope do "Aqui Agora" de 22 para 26 pontos e preocupava a Globo.

Pediu licença do SBT no auge, para disputar o cargo de deputado federal em 1994, mesma eleição em que Marta Suplicy chegou à Câmara.

Naquele ano, Russomanno foi o parlamentar mais votado no Estado. Ampliaria o feito em 2014, quando recebeu 1,5 milhão de votos e foi o mais votado no país.

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