Vitória de Doria consagra força de grupo de Geraldo Alckmin em São Paulo
Danilo Verpa/Folhapress | ||
O governador Geraldo Alckmin vota com o candidato à prefeitura de São Paulo, João Doria |
A vitória de João Doria já no primeiro turno consagra a força do grupo de Geraldo Alckmin dentro do PSDB.
O governador apoiou o empresário nas prévias e colocou boa parte de seus auxiliares para garantir sua confirmação como o nome do partido na corrida eleitoral.
Os dois já eram amigos. A escolha de Doria, porém, foi pragmática. Com ele, Alckmin fez seu candidato na corrida. O adversário do empresário na eleição interna da sigla era Andrea Matarazzo, amigo e aliado do chanceler José Serra e de "cabeças brancas" do PSDB, como o ex-governador Alberto Goldman.
Alckmin quer se lançar novamente à Presidência da República em 2018. Dentro do PSDB, o presidente nacional do partido, Aécio Neves, e Serra também nutrem a mesma ambição.
DINHEIRO E TV
Desconhecido do grande público, Doria adotou a estratégia de atrair o apoio do maior número possível de partidos e gastar muito dinheiro - para os padrões da campanha deste ano, que foi a primeira sem o financiamento privado.
O resultado foi uma coligação com partidos que vão do PV ao PTC, partido do ex-presidente Fernando Collor. As doze siglas garantiram um massacre na TV para Doria, que foi, de longe, o candidato com mais tempo de programa eleitoral e com o maior número de inserções televisivas.
O tucano foi também o que mais gastou dinheiro. No total, foram R$ 13,5 milhões em despesas contratadas, mais que o triplo do registrado no TSE pelas campanhas de Marta Suplicy (R$ 3,8 milhões) e de Celso Russomanno (R$ 3,7 milhões). Fernando Haddad, que aparece num distante segundo lugar, contratou serviços que somam R$ 11,8 milhões.
ANTI-PT
Doria (PSDB) se lançou na corrida à prefeitura como o candidato "anti-PT". O tucano mirou no impeachment de Dilma Rousseff e no desgaste do partido do ex-presidente Lula como forma de catapultar sua campanha.
Subiu nas pesquisas como o empreendedor que, por ser do setor privado, não tem os vícios dos políticos profissionais. O empurrão final - e decisivo - veio, contudo, da impopularidade do presidente Michel Temer (PMDB).
Com enorme rejeição entre o eleitorado paulistano e patinando abaixo de 10% das intenções de voto durante a maior parte da disputa, o prefeito Fernando Haddad (PT) partiu para cima de Marta Suplicy (PMDB) com o objetivo de associá-la ao presidente.
Haddad conseguiu "desconstruir" Marta junto ao eleitor que ainda a identificava como alguém do PT e colou na senadora a imagem de agendas polêmicas do governo federal, como o ajuste fiscal e as reformas trabalhista e previdenciária.
Enquanto isso, Marta centrou fogo em Celso Russomanno (PRB) que, ajudado por seus próprios erros na campanha, também começou a derreter. Enquanto os três se engalfinhavam, Doria pavimentou seu caminho e conseguiu a vitória histórica já no primeiro turno.