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'Perdemos a chance de mudar', diz Marina Silva

Alan Marques/Folhapress
Brasilia, DF, Brasil 10.10.2016 Marina Silva da entrevista na sede da REDE sobre o resultado das eleicoes municipais e sobre a politica do governo Michel Temer Foto:Alan Marques/Folhapress cod 0619
Marina Silva dá entrevista na sede da Rede

Com discurso mais pessimista que o habitual, a ex-ministra Marina Silva afirmou nesta segunda (10) à Folha que seu partido perdeu "a chance de mudar" e agora "será mudado" diante da mais aguda crise que acometeu políticos do país.

Em seu escritório na sede da Rede Sustentabilidade, sigla que fundou em 2015, Marina disse que ainda avalia se será candidata à Presidência em 2018, pois é preciso descobrir se essa é "a melhor forma de contribuir" para o que chama de "renovação" da política.

"Tem horas que a gente muda, tem horas que a gente é mudado. Acho que perdemos a chance de mudar e agora vamos ser mudados."

Segundo ela, as disputas presidenciais de 2010 e 2014, das quais participou e acabou em terceiro lugar, não serviram para "melhorar a qualidade da política" e das "relações institucionais" e, por isso, talvez sua atuação seja continuar no debate, não focada no resultado eleitoral.

"Depois de ter passado por uma eleição sofrendo a violência que foi feita em 2014 pelo marketing selvagem [referência a ataques da campanha de Dilma Rousseff], será que é possível manter o diálogo, essa ideia de que é preciso compor programaticamente, de que existem pessoas boas em todos os partidos? Me parece que isso não prosperou", afirmou.

A avaliação de Marina foi feita diante do balanço dos resultados de seu partido nas eleições municipais desse ano. De 154 candidatos a prefeitos lançados, a Rede elegeu apenas cinco, nenhum em uma capital. O partido ainda disputa o segundo turno em três cidades.

Ela reconhece que a performance da legenda ficou abaixo do esperado, mas diz que, para o que se propôs, com poucos recursos e tempo de televisão, um partido tão jovem conseguiu "espaço de renovação política".

Marina respondeu ainda à carta aberta do antropólogo Luiz Eduardo Soares e outros sete intelectuais que se desfiliaram da Rede alegando "vazio de posicionamento político" e dependência política à figura de Marina, além de aproximação da sigla ao "campo conservador".

"Se olhar bem o documento, tem uma contradição porque o texto diz que a Rede foi pelo caminho do impeachment se curvando a uma posição minha supostamente autoritária e, em seguida, diz que um dos problemas da Rede e meu é de que a gente não tenha assumido posição."

Questionada sobre como a Rede e ela própria se posicionam diante do governo Michel Temer, Marina afirmou adotar a "independência", mas foi genérica ao opinar sobre os temas considerados prioridade do Planalto, como o projeto que cria um teto para os gastos públicos e a reforma da Previdência.

"É necessário criar mecanismos [para frear a dívida pública], mas não acho que se deva congelar, como estão propondo, a saúde e a educação. Poderemos estar assinando um cheque em branco e congelando a democracia."

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