Formação de candidatos vira tema de segundo turno em Curitiba
Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Folhapress | ||
O candidato Ney Leprevost (PSD), que disputa a Prefeitura de Curitiba com Rafael Greca (PMN) |
Num segundo turno ainda morno e com adversários improváveis, a formação acadêmica dos candidatos à Prefeitura de Curitiba virou tema de campanha e de ataques.
O deputado Ney Leprevost (PSD), que começou como azarão e acabou chegando à etapa final, se formou numa graduação a distância que chegou a ser descredenciada pelo Ministério da Educação.
Documentos obtidos pela Folha mostram ainda que o curso era ligado a um de seus principais apoiadores políticos e atual coordenador de campanha, o ex-ministro da Saúde Borges da Silveira (governo José Sarney).
Leprevost, 42, cursou administração à distância na Unitins (Universidade Estadual do Tocantins), entre 2007 e 2011 —segundo ele, pela flexibilidade de horários. Na época, ele já exercia mandato como deputado.
O curso era organizado pela Eadcon, empresa fundada por Borges da Silveira e parceira da Unitins na educação à distância.
Ela era responsável por elaborar o projeto dos cursos, contratar tutores e coordenar o programa.
A Unitins chegou a ter quase 100 mil estudantes pelo país. Apesar de pública, cobrava mensalidade —cerca de R$ 300 por mês, em média.
O Ministério questionou a cobrança e, depois de queixas de alunos sobre a estrutura dos polos de educação, a Unitins foi descredenciada na modalidade de educação à distância, em 2009.
Os alunos que já estivessem na graduação, como Leprevost, puderam concluir o curso e obter o diploma normalmente. A Unitins voltou a ser credenciada em 2010.
Borges da Silveira, que era diretor-presidente da Eadcon, se desligou da empresa em 2008.
À Folha afirmou que não tinha "qualquer relação política" com Borges da Silveira na época, e considerou "o material didático de excelente qualidade e o ambiente de aprendizagem virtual com vasto conteúdo de apoio".
URBANISTA
Concorrente de Leprevost, o ex-prefeito Rafael Greca (PMN) também virou vidraça: seu título de "urbanista" foi questionado na Justiça pelo CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo).
Greca, engenheiro civil por formação, se intitula urbanista na propaganda eleitoral.
O CAU entende que as disciplinas de urbanismo cursadas pelo candidato durante sua graduação na UFPR (Universidade Federal do Paraná) não lhe dão a prerrogativa de ser chamado de urbanista.
"Seria a mesma coisa que um estudante de Direito, que teve Medicina Legal, se intitular médico. É uma confusão", diz Claudia Dudeque, assessora jurídica do CAU.
A Justiça Eleitoral, porém, autorizou o uso do título nos programas de Greca, por entender que não há prejuízo à disputa eleitoral.