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Campanhas pelo voto nulo ganham força pelo país

Reprodução/Facebook
Campanha "Anula lá", de Porto alegre, pede o voto nulo
Campanha "Anula lá", de Porto alegre, pede o voto nulo

Além dos próprios opositores, os candidatos que disputam o segundo turno nas principais capitais terão que enfrentar mais um adversário poderoso: os votos brancos, nulos e abstenções.

Pesquisas Datafolha e Ibope apontam que as intenções de votos brancos e nulos superam o patamar de 15% em seis capitais: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis e Campo Grande.

A defesa do voto nulo tem sido feita por partidos como PT e PSOL, sobretudo em cidades onde não há um candidato de esquerda no segundo turno. Os petistas, por exemplo, lavaram as mãos em 12 capitais.

Mas a iniciativa não se restringe aos partidos. Parte dos eleitores, por conta própria, tem encampado a defesa do voto nulo com campanhas na internet e até passeatas.

Em Porto Alegre, eleitores fizeram vídeo com o jingle "Anula lá", paródia da música "Lula lá", que marcou a campanha presidencial de 1989.

O vídeo, que soma 214 mil visualizações desde 12 de outubro, quando foi publicado, mostra a insatisfação com os candidatos Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e Sebastião Melo (PMDB) : "Prefiro votar no diabo do que votar nesses dois", diz um trecho.

"É um [jingle] clássico, lendário. Mas levou muita gente a nos chamar de petista, não tem nada a ver. É só uma referência", conta Valmor Pedretti Jr. 37, um dos autores.

Para fazer frente às campanhas por voto nulo, candidatos iniciaram ofensiva na reta final deste segundo turno para tentar convencer os eleitores a não anular o voto.

Em Curitiba, os candidatos Rafael Greca (PMN) e Ney Leprevost (PSD) usaram o horário eleitoral para tentar convencer os eleitores a não anular o voto: "O voto é individual, mas a responsabilidade é coletiva", diz a campanha de Greca na TV.

Na capital gaúcha, Melo disse à Folha que o voto nulo é a "rejeição da política", o que "leva à escuridão". A campanha do peemedebista fez caminhada contra o voto nulo na quarta (26).

Marchezan atacou o adversário e disse que "o voto nulo é muito mais pregado pelo Melo do que por qualquer outro partido [de esquerda]". O PT e o PSOL, terceiro e quarto colocados no primeiro turno, defenderam que seus eleitores não apoiassem nem PMDB, nem PSDB.

Para o cientista político Marcos Paulo dos Reis Quadros, do Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG), o voto nulo é reflexo do "desencanto generalizado com a política".

Mas, segundo Quadros, o fenômeno em algumas capitais tem "ingrediente" a mais: "a esquerda, como um todo, ficou fora do segundo turno". Candidatos de esquerda foram derrotados em capitais como Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte.

O promotor Rodrigo Zilio, coordenador do Gabinete de Assessoramento Eleitoral do Ministério Público gaúcho, diz que "o efeito [prático] do voto nulo é concordar com a maioria". "Aquela pessoa que vai votar em branco ou nulo imagina fazer um voto de protesto, mas é uma omissão". Além disso, o voto nulo beneficia aquele que está na frente, analisa o promotor.

'VOTO DE CONFIANÇA'

Entre as capitais com maior índice de intenção de votos brancos e nulos, o Rio de Janeiro é a única em que um candidato de esquerda está no segundo turno: Marcelo Freixo (PSOL) enfrenta o senador Marcelo Crivella (PRB).

Nesta reta final, Freixo decidiu concentrar a estratégia nesta última semana de campanha nos eleitores que pretendem anular o voto. "Quem está votando nulo hoje vota no Crivella", afirmou o candidato do PSOL na quarta (26).

De acordo com pesquisa Datafolha divulgada na terça (26), 19% dos eleitores da cidade declaram votar nulo no Rio. Outros 8% disseram ainda não ter decidido o voto.

A mensagem tem sido reforçada nas redes sociais e em entrevistas. "Neste domingo (30), não se anule e não deixe que decidam por você. Faça do seu voto um voto de confiança", escreveu a equipe do candidato em sua página no Facebook nesta sexta (28).

Seus eleitores têm aderido à campanha, tentando convencer não só as pessoas que decidiram anular o voto, mas pedindo àqueles que estão fora da cidade para comparecer às urnas.

(JOÃO PEDRO PITOMBO, NICOLA PAMPLONA E PAULA SPERB)

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