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Análise

Derrota dentro de casa fragiliza Aécio e consagra Alckmin como vencedor do duelo tucano em 2016

Aécio Neves (PSDB-MG) fará o único discurso possível diante da terceira derrota consecutiva dentro de sua própria casa, Minas Gerais. Dirá que, como presidente nacional do PSDB, conduziu o partido a uma vitória sem precedentes nas eleições municipais em todas as unidades da federação.

É verdade, mas não muda o fato central para o xadrez partidário do qual ele é protagonista ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

No duelo surdo que os tucanos travam pelo poder na legenda com vistas à eleição presidencial, em 2016, o vitorioso é o paulista.

Alckmin lançou um candidato neófito e conquistou a maior prefeitura do país, São Paulo, no primeiro turno, com João Doria (PSDB).

Aécio escolheu apadrinhar um veterano para disputar em Belo Horizonte, o deputado João Leite (PSDB). E o fez numa eleição em que a rejeição à política marcou todo o pleito, seja na vitória dos "outsiders", seja no número altíssimo de abstenções, votos brancos e nulos.

Daí o primeiro mérito do paulista sobre o mineiro: no cenário em que a população sinaliza que prefere ficar ao lado de quem diz não ser político, Alckmin puxou a peça certa para o centro do tabuleiro. Aécio, no mínimo, escolheu mal e pode fazer deste o ponto de partida para a análise de sua derrota.

Leite vestia o figurino do político tradicional. Era o nome errado na hora errada.

Aliados do mineiro já ensaiavam na véspera um discurso de honra para a vitória de Alexandre Kalil (PHS) sobre Leite. "Se Kalil vencer, não será derrota do Aécio, mas de toda a política."

Pode funcionar como figura retórica, mas não convencerá, neste momento, a plateia que Alckmin e Aécio disputam: quadros do próprio PSDB, que escolherão quem vai dar as cartas no partido até as eleições de 2018.

Políticos se movem pela perspectiva de poder. E, neste momento, é o governador paulista, catapultado por Doria, quem espelha melhor esse sentimento.

A Aécio restará ainda um outro argumento. O de que entre as forças tradicionais em Minas –PT, PSB e PSDB– foi a dele quem chegou mais longe. O governador Fernando Pimentel (PT) patrocinou um nome que marcou 7% no primeiro turno. O prefeito Márcio Lacerda (PSB) lançou o vice como sucessor. Teve o legado arrasado nos debates e o saldo de 5,4% dos votos.

Leite chegou. Mas morreu na praia. A derrota amplia a sensação de que o senador continua a perder força em seu berço eleitoral.

Em 2014, Aécio foi derrotado na disputa nacional e pelo governo do Estado. Agora, vê seu patrimônio político minguar num último bastião, Belo Horizonte, onde havia vencido há dois anos.

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