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Análise

Segundo turno confirma guinada à direita e conservadora

Marlene Bergamo/Folhapress
RIO DE JANEIRO - ELEIÇOES - PODER - O candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo PRB, Marcelo Crivella, durante comício na Cinelândia. 27/10/2016 - Foto - Marlene Bergamo/Folhapress - 017
Prefeito eleito do Rio de Janeiro, senador Marcelo Crivella (PRB), em comício na Cinelândia

A direita, definitivamente, venceu a esquerda em 2016. E não foi por pouco.

O segundo turno confirmou a preferência do eleitor de capitais e dos grandes centros por candidatos conservadores e com discurso político à direita.

Numa análise geral de todos os municípios, a eleição termina com o fortalecimento de PSDB, PMDB e PSD, todos da base do governo de Michel Temer, e o massacre do PT, que começa o ano de 2017 com apenas um prefeito de capital (Rio Branco).

O movimento eleitoral pró-direita já havia sido indicado no primeiro turno nas capitais e simbolizado na reeleição acachapante de ACM Neto (DEM) em Salvador, com 74% dos votos, e na surpreendente vitória de João Doria (PSDB) em São Paulo.

Ambos se encaixam no perfil de candidatos de características liberais, focados no discurso privatizante e próximo do empresariado.

A votação deste domingo (30) ratificou uma tendência que ainda merece ser totalmente decifrada.

Mapa dos partidos

Seria consequência da crise política que tirou o PT do Palácio do Planalto este ano?

Ou uma reação em cascata nos municípios à crise econômica no país, fruto de erros de gestões petistas no governo federal? Ou os dois fatores, político e econômico?

As urnas em 2016 revelam também o crescimento de partidos e grupos que defendem, além de uma política direitista, um comportamento conservador.

O exemplo mais expressivo no contexto nacional é Marcelo Crivella, prefeito eleito no Rio de Janeiro.

Ele venceu Marcelo Freixo, candidato do PSOL, à esquerda e ideologicamente oposto ao vencedor.

Crivella fez a carreira nos cultos da Igreja Universal, de onde é bispo licenciado.

Sua vitória também é o sucesso do PRB, partido controlado pela igreja de Edir Macedo e que pela primeira vez vai comandar uma prefeitura de capital –no caso, uma das mais relevantes politicamente.

Hoje senador, Crivella ganha após ter sido bombardeado na campanha pela revelação de frases ditas por ele no passado, na condição de bispo, consideradas por adversários homofóbicas ou de radicalismo religioso.

No discurso de vitória no domingo, ele adotou um tom de conciliação ao agradecer apoio de católicos e de adeptos de outras crenças.

Essa guinada à direita nas capitais ganhou corpo no Sul com as vitórias de Nelson Marchesan (PSDB), em Porto Alegre, e Rafael Greca (PMN), em Curitiba.

Em Belo Horizonte, o segundo turno havia evidenciado esse movimento na disputa entre o tucano João Leite e Alexandre Kalil (PHS).

A vitória de Kalil, que fez carreira como cartola no Atlético-MG, representa ainda a força de candidatos que adotaram discurso de negar a política –foi assim também em São Paulo, onde Doria bateu na tecla de que, ao contrário dos adversários, não era um político de raiz.

O mapa astral de 2017

PT, O GRANDE DERROTADO

O fortalecimento da direita automaticamente representa um enfraquecimento da esquerda, sobretudo do PT.

O partido dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff havia saído do primeiro turno como o principal derrotado em 2016 ao eleger menos da metade do número de prefeituras conquistadas quatro anos atrás.

A sigla venceu somente em uma prefeitura de capital, com Marcus Alexandre, reeleito em Rio Branco (AC).

Começa 2017 sem comandar uma capital no Nordeste, reduto que já representou muito de sua força no país.

O atual prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), foi reeleito na disputa contra o petista João Paulo.

O drama do PT pode ser simbolizado pelas derrotas no chamado "cinturão vermelho" na Grande São Paulo.

O petista Carlos Grana perdeu a reeleição em Santo André para o tucano Paulo Serra com um resultado constrangedor: 78% a 21% dos votos.

O PT já tinha ficado de fora do segundo turno em São Bernardo do Campo, depois de oito anos de gestão petista com Luiz Marinho, cria política de Lula. Na cidade do ABC, berço político do ex-presidente, venceu um candidato do PSDB, Orlando Morando.

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