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Física moderna chega à sala de aula por livros e vídeos
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RAFAEL GARCIA
DE SÃO PAULO
Albert Einstein pode ser o cientista com nome mais conhecido entre pessoas leigas, mas a maioria dos estudantes deixa o ensino médio sem saber o que foi seu trabalho. Uma inovação nos programas escolares, porém, pode mudar isso, levando a física moderna à sala de aula.
Veja o programa da TV Cultura "O Discreto Charme das Partículas Elementares"
Em 2009, a proposta curricular da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo incluiu tópicos antes ignorados, como as teorias da relatividade de Einstein e a física de partículas.
A implantação da iniciativa vem esbarrando na falta de professores qualificados, mas um grupo de educadores pioneiros está tentando levar a ideia à frente.
Neste ano, começaram a ser publicados alguns cadernos de trabalho sobre física moderna para alunos de escolas públicas. E está previsto para o ano que vem o lançamento da primeira coleção de livros didáticos para o ensino médio já com os temas.
"O debate sobre inclusão da física moderna no ensino básico remonta aos anos 1960. O problema é [...] a dificuldade de transpor os conteúdos mais modernos para serem ensinados a adolescentes", diz Mauricio Pietrocola, que articulou a produção desse material didático no Núcleo de Pesquisa em Inovação Curricular, da USP.
Matemática
Teorias como a relatividade geral, a explicação mais completa sobre a força gravitacional, envolvem matemática sofisticada demais para o ensino médio. Por isso, a maioria dos currículos não inclui física produzida muito além do fim do século 19.
Pietrocola, porém, afirma que nem sempre é preciso recorrer à aritmética para explicar os conceitos. 'Um erro que é preciso evitar é usar em aulas de física uma matemática que não tenha objetivo de interpretar e criar nada.'
A dificuldade de despir os conceitos físicos complexos de sua estrutura formal, porém, não intimida cientistas que têm publicado livros de sucesso para leigos.
Maria Cristina Abdalla, pesquisadora do Instituto de Física Teórica da Unesp, lançou em 2006 o paradidático 'O discreto charme das partículas elementares'.
O livro vendeu 8.000 cópias, virou programa de TV e sai agora numa tiragem em DVD: mil cópias que serão distribuídas pelo MEC. "A gente vive hoje em um mundo que tem celular, GPS, tomografia computadorizada. A sociedade tem de ser informada sobre o conhecimento que cria isso", diz Abdalla.
Até assuntos pouco relacionados a aplicações práticas, porém, como a relatividade geral de Einstein, chamam a atenção dos alunos, diz Guaraciaba Tetzner, professora de escola estadual. "Eu mesma não gostava tanto de física antes de entrar na física moderna."
Vestibular
Quando se pensa em termos práticos, é difícil saber o quanto a relatividade e a física quântica podem ser incorporadas ao vestibular, que exerce pesada influência sobre currículos escolares.
A matemática avançada dos trabalhos de Einstein, por exemplo, torna difícil inclui-los em provas como a da Fuvest, que demanda aritmética e traz poucas questões puramente conceituais.
Se as escolas esperarem o vestibular começar a cobrar física moderna para inclui-la no currículo, a mudança pode não ocorrer. 'Até a gente ter certeza de que isso está sendo realmente aplicado no programa das escolas, não é possível cobrar', diz Valmir Chitta, físico do conselho de graduação da USP, que dita o conteúdo da Fuvest.
Já há porém uma instituição da USP que se ajusta às mudanças na proposta curricular: a Estação Ciência. O centro de ciências interativo da Lapa (zona oeste de SP) passa por uma modernização que pretende agregar temas da física moderna.
"A Estação Ciência sempre trabalha muito próxima das escolas", diz Helio Dias, que assumiu em fevereiro a direção do espaço.
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