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11/03/2012 - 09h23

Monstro Zoiudo

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BARBARA GANCIA
DE SÃO PAULO

Não sei como funciona no seu tra­balho. No meu, em que as pessoas têm egos da altura do Annapurna e do K2, o fenômeno é bastante recorrente. Deixe-me tentar explicar o tipo de sentimento nefando que me corrói a alma e vem obnubilando minha vi­são nas últimas horas.

Tudo come­çou quando resolvi preencher meu Grand Canyon de insatisfação pes­soal naquela rodoviária virtual em que, ultimamente, todos deram pa­ra ter netos e fazer churrasco em Maresias (quem mandou ter ami­gos na idade de ter netos e casas de frente para o mar?).

Bem, não con­vém entrar no mérito de que o churrasco no lugar do peixe assado à beira-mar seria muito estranho não fosse o fato de que os chineses acabaram com o pescado do mun­do e agora vão sair atrás das nossas vacas. Se bem que, diante da magnitude do meu problema, isso é irrelevan­te.

A camada de ozônio, a foto do netinho, o dejeto da vaca que vai pa­rar dentro do rio e termina afetan­do as placas tectônicas nas imedia­ções de Yokohama e Fukushima, tudo isso não vai mudar o fato de que eu estou fumegando de inveja. E não ouse tentar me alertar que Fukushima e Yokohama não estão localizadas na China.

Ilustração Alex Cerveny

Esta preguiçosa que vos fala, sem competência para ter uma vida própria e obrigada a ficar vivendo a dos outros na tela do computador, acaba de se descobrir uma moreia zoiuda carregada de bílis e deformada de inveja dentro do estôma­go. Ela é letal como o mercúrio. Ve­ja como solta fogo pelas ventas: "BLAAAAAAAH!". A imagem é grosseira porque estamos falando de uma situação laranja.

Não é as­sim que os americanos definem coisa feia? Ora, quem mandou eu ir olhar no Facebook e descobrir um texto deli­cioso que não era assinado por mim? Pois foi, perdi o rumo de casa. E não venha me dizer que inveja é admiração mal-encaminhada, uma vez que não invejamos quem não admiramos. O escambau. O texto que eu li lá no "feice" tinha obrigato­riamente de ter sido criado por mim.

Mas não foi. E agora está lá naque­le mural em que eu queria estar, o mais importante de todos. Justo aquele texto, de autoria do maior talento do momento (que não sou eu) que deveria estar bem aqui. No lugar desta joça que você está lendo agora. Meu desgosto se explica? Agora você está entendendo a extensão do meu drama? Ainda meti você na
história, meu querido leitor.

E, para aumentar a minha conta do mês com remédios de tarja preta, eu não só me rendo a uma imensa lista de recalques como descobri o texto que me despertou os mais torpes sentimentos justo no mural mais interessante entre os 5.000 perfis a que tenho acesso.

Ai, que vontade de vomitar. Melhor deitar um pouco. Antes ligarei para o Alex Cerveny e encomendarei a ilustração da sema­na. Direi a ele que o tema é um sen­timento tão banal quanto censura­do.

E o instruirei a não contar a nin­guém. Você também, leitor, está proibido de sair por aí cornetando: "A Barbaragancia isto, a Barbaragancia aquilo". Que fique só entre nós.

Porque a gente sabe que você também sente suas invejas bestas da Gisele Bündchen e do Tom Brady e do Eike Batista. Só que, à di­ferença de mim, não tem coragem de confessar.

Pois deveria. Eu já estou saltitante feito uma gazela. Matei a moreia feiosa, voltei a ser "light". Sobre o texto? Nem lembro mais o nome do autor.

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