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12/03/2012 - 12h28

'A periferia continua largada', diz pré-candidato Netinho de Paula

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ELVIS PEREIRA
DE SÃO PAULO

"O Netinho artista, que ganhou dinheiro, consegue ver São Paulo como a classe média e a elite veem", afirma o vereador José de Paula Neto, 41, num recado para os que se lembram dele somente como "mano".

Após eleger-se vereador em 2008 com a segunda maior votação e quase chegar ao Senado na eleição seguinte (ficou em terceiro lugar, com 7 milhões de votos), o ex-cantor do Negritude Júnior quer ser prefeito.

Criado no Parque Ipê, zona sul, e hoje morador do Limão, zona norte, ficou famoso como cantor e apresentador de televisão. Em 2005, criou a TV da Gente, com foco no público negro.

Na Câmara, teve 16 projetos aprovados, entre eles quatro propostos com outros vereadores. Os de autoria própria tratam de homenagens, mudança ou criação de datas comemorativas e oficialização de eventos, como a roda de samba com feijoada na Vila Santa Catarina, zona sul.

Se eleito, promete dar atenção à educação. "Vou fazer com que não só os pobres mas os ricos queiram que os filhos estudem nas escolas públicas."

Isadora Brant/Folhapress
Vereador Netinho de Paula, pré-candidato e ex-Negritude Júnior, faz pose na escadaria da Câmara Municipal
Vereador Netinho de Paula, pré-candidato e ex-Negritude Júnior, faz pose na escadaria da Câmara Municipal

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Quais são suas recordações de juventude na capital?
São da distância que a gente tinha de percorrer se quisesse ter lazer, esporte ou cultura. Era sair da periferia, pegar ônibus e andar para chegar a um parque. Eu morava no Parque Ipê, zona sul, e o clube mais próximo era o Joerg Bruder, em Santo Amaro. É muito distante.

O que mais o agrada na cidade?
A cidade está mais bonita no centro, mas a periferia continua largada. Esse vai ser o meu diferencial, porque meu contato ainda é com a periferia. Lá, o lixão continua o mesmo. O Netinho artista consegue ver São Paulo como a classe média e a elite veem. Passo no Ibirapuera e a cidade está maravilhosa. Mas, da ponte para lá, as coisas são diferentes.

E o que mais o incomoda?
O crescimento desordenado. A falta de investimento no transporte público incomoda ricos e pobres.

Utiliza algum serviço público?
Poucos. Temos plano de saúde, mas já usei hospitais públicos e tenho amigos que usam.

Como se locomove na cidade?
Tenho carro, né. Sabe aquela pesquisa que diz que você passa duas horas e 43 minutos por dia no trânsito em São Paulo? Eu faço parte dessa estatística.

Se ganhar, vai recorrer ao helicóptero para escapar do trânsito?
Se depender do transporte que temos, você não chega na hora certa. O prefeito chegar atrasado é muito ruim. Então, se eu ganhar, vou andar de helicóptero. Mas tem um viés diferente: helicóptero para um cara que andou de ônibus e trem a vida inteira tem outro significado.

Há algum projeto de outra cidade que pode ser adotado aqui?
Sou adepto de uma agenda que é capitaneada pela Nossa São Paulo, que trata da questão da cidade sustentável. Tem 12 ou 13 tópicos [exemplos] de cidades de vários países com populações semelhantes à de São Paulo, como a questão do ambiente e do saneamento básico.

Derrubaria o Minhocão?
[Risos] Não derrubaria, mas colocaria ali um VLT [Veículo Leve sobre Trilhos], que ligaria uma parte importante da zona leste ao centro. Mas derrubar... Aquilo é uma intervenção gigantesca, que a própria cidade assimilou. Por mais que se diga que é feio, estamos acostumados.

A cracolândia tem solução?
Tem. Essa é uma das críticas que faço à atual gestão. Na questão social, deixou muito a desejar. A gente não teve as clínicas especializadas para dependentes químicos e não foi por falta de recursos. Parece que, propositadamente, o centro da cidade está abandonado.

Quem foi o melhor prefeito de SP?
A Erundina [1989-92] foi uma ótima prefeita. Conseguiu traduzir o que São Paulo é: uma grande quantidade de nordestinos, negros, gringos. Em termos de transporte, foi um marco. A maioria das malhas de ônibus foi feita no governo dela.

E o pior?
Caramba [suspiro]... Terminar a gestão como [Celso] Pitta [1997-2000] foi muito ruim, sem ter as contas aprovadas, sem justificar uma série de gastos.

Como avalia a gestão Kassab?
Mantenho as críticas, inclusive as que tinha antes de participar do governo. Na área social, deixou a desejar. Na área estrutural, também, com o esvaziamento das subprefeituras. Há ruas sendo asfaltadas no bairro e o subprefeito não sabe.

Restrições como a Lei do Psiu podem tirar a vocação boêmia de SP?
As leis existem para acabar com os abusos. O Psiu veio trazer uma regularidade e fazer com que as pessoas tratem seu ambiente com acústica mais digna, para que o outro possa dormir.

Tem medo de São Paulo passar vergonha na Copa 2014?
Acho que é um medo de todo mundo, mas as medidas que vêm sendo tomadas, a própria implantação da Secretaria da Copa, mostram que não tem por que temer. O estádio vai ficar pronto. Não é que eu não tenha medo, estou motivado.

Se for eleito, qual será sua marca?
Vou fazer com que não só os pobres mas também os ricos queiram seus filhos nas escolas públicas. Que as escolas tenham equipamentos capazes de atrair os alunos, que eles tenham orgulho de estudar ali. Se a gente tivesse um CEU [Centro Educacional Unificado] em cada escola, as comunidades seriam mais felizes.

O que não vai faltar no gabinete?
Ah, talvez um pouco do que a gente faz aqui [na Câmara]: toda quarta minha galera pode comer feijoada comigo.

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