Skatistas e moradores debatem uso da praça Roosevelt
O piso da nova praça Roosevelt, que foi reinaugurada no último dia 29, não foi pensado propriamente para ser uma pista de skate. Mas o material de que é feito (concreto acabado) combina tanto com rodinhas que a invasão foi inevitável.
Já nos primeiros dias de uso, a praça virou ponto de encontro de skatistas que residem dentro e fora da cidade. "Eu moro em Santo André e vim até aqui só para andar de skate porque um chão liso como esse é difícil de encontrar. É uma obra de arte", diz o produtor Thomas Losada, 33.
O que foi comemorado entre os jovens esportistas, porém, está incomodando alguns moradores da região, que reprovam o barulho e algumas arriscadas manobras observadas desde a reabertura da praça, cuja reforma custou R$ 55 milhões, segundo estimativas da Prefeitura de São Paulo.
A Associação Ação Local Roosevelt pensa em pedir para que a prefeitura restrinja ou proíba a prática do esporte na região, alegando principalmente risco de colisão com pedestres. "Queremos discutir a segurança na praça e também estabelecer regras de uso", diz Luis Cuza, 70, presidente do grupo.
O assunto será discutido nesta segunda-feira (8) em reunião pública no Teatro Studio 184, às 19h, na própria praça. Em nota, a Secretaria de Coordenação das Subprefeituras se restringe a afirmar que a Subprefeitura da Sé participará de um conselho de moradores cuja função será de "harmonizar a convivência" no local.
Lucas Lima/Folhapress | ||
Skatistas faz manobra na recém-inaugurada Praça Roosevelt, no centro de São Paulo |
Embora a discussão esteja apenas no início, a reportagem da sãopaulo observou, na tarde de quarta-feira, guardas da GCM (Guarda Civil Metropolitana) tentando impedir a prática do esporte. O comando da GCM nega que haja ação para inibir skatistas.
Ameaçados com a proximidade de um posto da corporação, os esportistas se defendem. "A gente sempre andou de skate aqui, mesmo quando a praça estava abandonada. E agora que ela está em excelentes condições a gente não pode usar?", reclama Luís Fernando Tavares, 30.
A discussão em torno da Roosevelt divide até mesmo urbanistas. "A praça é de todos, desde que os limites da urbanidade sejam respeitados", defende Lucila Lacreta, diretora do Movimento Defenda São Paulo. "Os horários têm de ser respeitados, e a barulheira, controlada."
Para o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, Valter Caldana, proibir não solucionará o impasse. "O equilíbrio será constituído com a própria utilização da praça. A reclamação dos moradores é legítima, mas só ilustra o fato de que faltam espaços públicos na cidade."
A FAVOR DO SKATE
"Desde os anos 80 a gente anda de skate na Roosevelt. Nossa presença ali até ajudava a melhorar o ambiente"
Fábio Bitão, 38, fotógrafo e skatista
"Essa praça era abandonada, e só a gente vinha aqui. Eles dizem que a gente destrói os bancos de madeira, mas o Brasil é rico pra caramba, não é possível que uma madeira vá fazer falta!"
Luís Fernando Tavares, 30, skatista
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CONTRA O SKATE
"Se não houver maneira de controlar os skatistas, queremos proibir"
Luis Cuza, 70, presidente da Associação Ação Local Roosevelt
"O barulho do skate é tremendo, de noite não dá para dormir"
Ilza Helena Carvalho, 56, moradora da região
"Eles dizem que não vão respeitar uma possível proibição. A barbárie venceu?"
Dulce Muniz, dramaturga e diretora artística do Teatro Studio 184
"Skatista não tem limite e as manobras que eles fazem são perigosas"
Rosa Maria Santi Cioli, 41, comerciante