Documentário retrata os perigos de se usar bichos em parques aquáticos

Da próxima vez em que você pensar em fazer uma visita a um parque aquático com show de golfinhos e baleias, sugiro assistir antes ao filme "Blackfish: Fúria Animal". É bem capaz de você cancelar o passeio.

O documentário conta a história de Tilikum, orca que matou três pessoas, incluindo duas de suas treinadoras, e mostra os perigos de se usar esses animais como atrações em parques. Dirigido por Gabriela Cowperthwaite, filha de uma brasileira, o filme critica parques como o Sea World, negócio que fatura 2,5 bilhões de dólares por ano na América do Norte.

Depois que "Blackfish" estreou nos Estados Unidos, no fim de 2013, muitos ambientalistas protestaram contra o tratamento dado aos animais. Artistas como Willie Nelson, Beach Boys, Heart, Pat Benatar e Cheap Trick cancelaram shows que iriam fazer em parques da rede Sea World.

O filme traz imagens de arquivo mostrando a captura de orcas na costa oeste dos Estados Unidos, nos anos 1970, para abastecer parques aquáticos em toda a região. Depois, apresenta Tilikum, uma orca macho capturada na Islândia, em 1983, e acompanha a trajetória do animal, ainda retido nos tanques do Sea World.

Biólogos marinhos contam à diretora sobre os efeitos nocivos de deixar as orcas, criaturas normalmente inofensivas, presas em tanques onde elas mal conseguem se movimentar. Segundo especialistas entrevistados, isso aumenta o risco de reações extremadas por parte dos animais.

Nenhum parque aquático aceitou se pronunciar no filme, mas o Sea World, depois do lançamento do documentário, acusou Cowperthwaite de divulgar informações erradas e de "explorar uma tragédia".

De qualquer forma, "Blackfish" conseguiu arranhar a reputação de parques aquáticos a ponto de convencer a produtora de desenhos animados Pixar a mudar o final de "Procurando Dory", sequência do sucesso "Procurando Nemo" (2003), que deve estrear em 2016. Na história original, alguns dos personagens acabariam "hospedados" em um parque ao estilo Sea World. Depois de ver "Blackfish", os produtores decidiram poupar seus personagens da experiência.

CONEXÕES

BLACKFISH: FÚRIA ANIMAL * * *
DIREÇÃO: Gabriela Cow

*

ORCA – A BALEIA ASSASSINA * *
Imitação furreca de "Tubarão" (1975), esse filmão "trash" de 1977 já peca no título —"orca" não é uma baleia—, mas vale por alguns bons sustos e por cenas de Bo Derek com camiseta molhada.
DIREÇÃO: Michael Anderson
DISTRIBUIDORA: Paragon (R$ 39,90)

*

MOBY DICK * * * *
Este sim, um grande filme sobre uma baleia, dirigido por John Huston em 1956 e com Gregory Peck no papel de Ahab. Uma ótima adaptação.

-

FILME

GRAVIDADE * * * *
Alfonso Cuarón (Warner, R$ 39,90)
Se você perdeu o espetaculoso delírio audiovisual de Alfonso Cuarón no cinema, agora pode assistir em casa, com o lançamento do DVD. Mas as imagens impressionantes captadas pelo fotógrafo Emmanuel Lubezki, vencedor do Oscar, merecem uma tela grande.

-

LIVRO

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO * * * *
Aldous Huxley (Biblioteca Azul/Globo Livros; 312 págs., R$ 39,90)
Relançamento do clássico distópico em que Huxley descreve um mundo totalmente controlado, estável e asséptico. Difícil acreditar que, em 1932, ele já satirizava a obsessão pelo consumismo e a ojeriza ao individualismo. Em algum lugar, Huxley deve estar sorrindo neste momento.

-

DISCO

TRAPAÇA - TRILHA SONORA * * *
(Sony/BMG, R$ 19,90)
Melhor que o filme de David O. Russell é a trilha sonora, com canções famosas do pop dos anos 1970, como "A Horse With No Name" (America), "I Feel Love" (Donna Summer), "How Can You Mend a Broken Heart" (Bee Gees) e "Goodbye, Yellow Brick Road" (Elton John).

Publicidade
Publicidade