Candidato do PHS quer fazer governo 'Big Brother, 100% transparente'

O vereador Laércio Benko, 41, disputa em outubro sua primeira eleição para um cargo executivo. O candidato do PHS (Partido Humanista da Solidariedade) quer ser governador.

Ele cumpre o seu primeiro mandato na Câmara. No último dia 6, Benko viu a Casa aprovar a proposta dele para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, a CPI, para investigar contratos da Sabesp com a prefeitura. "Não sou socialista, mas acho que algumas coisas têm limite. Água não é para dar lucro."

Benko recebeu a sãopaulo em seu escritório de advocacia, na avenida Paulista, que é decorado com figuras ligadas à umbanda.

Na pesquisa Datafolha mais recente, divulgada no último dia 15, ele não pontuava.

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sãopaulo - Com qual bairro da capital o senhor mais se identifica?
Laércio Benko - A Vila Jaguara, quase divisa com Osasco. Ali morei até me casar. Em qualquer outro lugar estou falando de advocacia ou de política. Lá é o único lugar do Laércio que fala de futebol, de besteira, das namoradas da infância. É o meu lar, me lembra a minha vida.

O que mais o agrada no Estado?
Sem dúvida nenhuma a força, a economia e a pujança de seu povo.

E o que mais o irrita?
A insegurança. Não há um município em que você possa se sentir seguro. O Alckmin democratizou a insegurança.

Por que quer ser governador?
Para fazer do Estado o que ele era quando eu era criança. Trazer de volta a importância que ele tinha. São Paulo é o nordestino, o sulista, o nortista. É a síntese do Brasil e tem que estar em destaque.

Os protestos de junho de 2013 mudaram sua forma de ver a política?
Não. Sempre fui uma pessoa que fez manifestação, fui cara-pintada. Achei legal ver outras pessoas fazendo o que eu já fiz.

É a favor do uso de bala de borracha contra manifestantes?
Sob hipótese alguma. A polícia não precisa disso, nem contra "black bloc". Se acerta a mira, pode ter um efeito forte. Se erra, pode ferir alguém que não tem nada a ver. É complicado.

A polícia deve reprimir os "black blocs" ou deixá-los protestar do jeito deles?
Sou radicalmente contra [essa forma de protesto]. A Constituição diz: "É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato". Tem que prender quem faz baderna. Pior ainda é o policial sem identificação. Isso mostra que não há comando. A PM sofre de transtorno de bipolaridade graças a um governador fraco que ora a faz ser violenta, ora a faz agir como monitor de creche.

Como o senhor pretende combater o PCC?
Usando a arma que eles usam. Além da violência e da ilegalidade, o diferencial do PCC é a inteligência. É um cara chamado Marcola. Se ele usasse a inteligência para o bem, poderia ser secretário de Estado, porque tem uma inteligência acima da média. Pena que a usa para o mal. Temos que usar a inteligência. Uma das nossas bandeiras é modernizar a Polícia Civil, que tem uma estrutura horrível. A PM tem coisas a melhorar, mas está no seu limite de atuação. A Civil precisa de uma faxina e de investimento em seu aparelhamento.

Como está se preparando para uma eventual escassez de água?
As medidas seriam a Sabesp recomprar suas ações, cortar os lucros de seus acionistas e interligar a represa Billings e os sistemas Guarapiranga e Cantareira. E defendo a briga pelo uso do rio Paraíba do Sul. São Paulo merece usar essa água.

O sr. acha a qualidade da água boa? Bebe água da torneira?
Depende. Se sei que a caixa d'água é limpa regularmente, bebo sem problema nenhum. A Sabesp é uma empresa séria.

A tarifa do transporte pode ser zero?
Acho que há condições, ajustando despesas. Não dá para fazer do dia para a noite, mas em três ou quatro anos dá para fazer algo. O transporte deveria ser gratuito e subsidiado.

O metrô é a única salvação para o trânsito em São Paulo? Quantos quilômetros pretende construir?
Não é a única, mas sem ele não há salvação. Para tirar o atraso, [pretendo construir] no mínimo de 12 km a 13 km por ano. E de uma forma inteligente. A gente precisa corrigir um problema de falta de planejamento para depois aumentar.

Qual o seu principal projeto para a rede pública de saúde?
Brigar pela correção na tabela do SUS. E tenho projetos para a rede estadual, como a introdução da medicina integrativa —reiki, acupuntura, fitoterapia— que é muito barata e gera emprego,
gera carinho.

Utiliza algum serviço público?
Sempre que posso eu uso o metrô, mas tem horas que não dá. Para quem usa de sábado e domingo, quem anda das 11h às 15h e depois das 21h, é de primeiro mundo. Agora, quem usa das 6h às 9h e das 16h às 19h, remete ao regime escravista.

Quem foi o melhor governador de São Paulo?
Se me permitir colocar o menos pior, é o José Serra [2007-2010]. Eu daria nota cinco para o governo dele. Para todos os outros, de três para baixo.

E qual foi o pior?
Geraldo Alckmin (PSDB). Por estar há 20 anos no poder, ter esculachado com a educação, esculachado com o transporte, avacalhado com a segurança pública e não ter deixado nenhuma marca forte.

Em qual político o senhor se inspira?
Eu gosto da Marina Silva (PSB), do senador Pedro Simon (PMDB), da Luiza Erundina (PSB) —que, se não estivesse o PT tão imaturo, teria sido uma gigante como prefeita. Sou fã do Bill Clinton [presidente americano entre 1993 e 2001] e do John Kennedy [assassinado em 1963].

Se for eleito, qual será a sua marca?
A coragem. Mas meu primeiro ato vai ser acabar com a progressão continuada. Ela significa o "apartheid".

O que não faltará no seu gabinete?
Ministério Público e jornalista. Vou abrir meu gabinete, fazer quase um Big Brother, um governo 100% transparente.

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