Foi por meio de uma produção que soma à arte tons lúdicos e dramáticos -às vezes na mesma obra- que a mineira Rivane Neuenschwander alçou a destaque nacional das artes plásticas.
Sua pesquisa, de forte cunho conceitual e pouco conectada a eixos formais ou temáticos, ganhou neste mês uma revisão panorâmica no MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo - zona sul de São Paulo).
A mostra "Mal Entendidos", em cartaz até 14 de dezembro, foca obras recentes de Rivane, que ascendeu em meados dos anos 1990 ao lado de nomes como Tunga, Adriana Varejão e Leonilson.
Essa geração, de certa forma sintetizada na antropofágica Bienal de São Paulo de 1998, tem em comum o apreço ao conceitual e uma projeção maciça no exterior, às vezes maior que o reconhecimento no Brasil.
É assim com a mineira, que em 2010 foi ladeada a Lygia Clark (1920-1988) e a Hélio Oiticica (1937-1980) pelo jornalista Larry Rohter, do jornal norte-americano "The New York Times". Desde então, a crítica no Brasil avalia sua produção com mais consistência.
O curador Adriano Pedrosa explorou os últimos 15 anos da artista em variados suportes, ao encontro do seu ecletismo. Ele pinçou 24 instalações, esculturas, pinturas e vídeos, como "A Queda", parceria de Rivane com seu irmão, Sergio, baseada na brincadeira do ovo.
A seleção inclui ainda sete itens inéditos e oito em fase de produção para a mostra. Destacam-se instalações como "Suspension Point", apresentada pela primeira vez na South London Gallery, em Londres, em 2008.
Também chamam a atenção a série "Sanos e Alterados", composta de desenhos feitos com máquinas de escrever alteradas de modo a datilografarem apenas números e pontuações, e o conjunto "A uma Certa Distância", com pinturas que exploram noções de perspectiva.
Gratuita, a mostra fica em cartaz até 14 de dezembro, de terça a domingo, das 10h às 17h.