Descida a Santos de bicicleta pela Rota Márcia Prado é cancelada de novo

Pela segunda vez consecutiva, a descida de bicicleta a Santos pela Rota Márcia Prado foi cancelada. O evento, que ocorreria em 14 de dezembro, não obteve o aval da Artesp, agência reguladora das estradas geridas pela iniciativa privada.

A descida, além de ser uma homenagem à ciclista que morreu atropelada na avenida Paulista em 2009, tem como objetivo mostrar que existe demanda para o cicloturismo em direção ao litoral paulista e oficializar a rota. Em 2012, cerca de 10 mil ciclistas fizeram o percurso no evento.

Para o Instituto CicloBR, que organiza o passeio, existe má vontade da agência com o evento. "O que eles não entendem é que não estamos fazendo uma prova. Não há inscrição, não temos patrocinadores. É só uma pedalada em grupo. Eles ferem o direito de ir e vir", diz Felipe Aragonez, diretor de comunicação do CicloBR.

A autorização da Artesp seria necessária porque 5 km da rota estão na rodovia dos Imigrantes, gerida pela empresa Ecovias. Segundo a agência, por norma expressa em uma portaria da própria Artesp, eventos esportivos "que interfiram ou não na circulação de pessoas" precisam apresentar um projeto para a segurança do evento. Conforme a necessidade de mobilização de funcionários e equipamentos da concessionária, um valor é cobrado dos organizadores.

Em nota, a Artesp afirma que "o Governo de São Paulo, a Secretaria de Logística e Transportes e a ARTESP não são contrários a realização de eventos esportivos e de lazer. Ao contrário, são incentivadores. Mas é necessário seguir todas as orientações definidas para a questão da segurança, principalmente quando esses eventos são realizados no entorno de rodovias".

Segundo Aragonez, em 2012 a Ecovias liberou a realização do evento, fez a sinalização do trecho de acostamento, mas enviou ao instituto uma conta de mais de R$ 90 mil, que depois foi cancelada.

Para Aragonez, o evento não deveria ser sujeito a autorização ou medidas extras de segurança, já que, pelo Código Brasileiro de Trânsito, o tráfego de bicicletas é permitido no acostamento de rodovias, e é dever dos órgãos públicos prover a segurança tanto de motoristas como de ciclistas e pedestres. "Não passam todos os ciclistas ao mesmo tempo pelo trecho da rodovia, o fluxo é distribuído durante o dia".

O percurso de 100 km de extensão da rota Márcia Prado começa na ciclovia da marginal Pinheiros, passa por São Bernardo do Campo e pela rodovia dos Imigrantes para chegar ao ponto alto da viagem: o parque estadual da serra do Mar. Dali os ciclistas pegam um trajeto em Cubatão e, então, a interligação da via Anchieta com a Imigrantes até Santos. O trecho da Rota que passa por São Paulo já foi oficializado por lei na cidade.

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