2º deputado mais votado em SP, Telhada nega fama de violento

Cercado por quadros da Rota, por porta-retratos com a família e por um boneco do Super-Homem no gabinete 616 do Palácio Anchieta, Paulo Telhada declara: não é bravo, tampouco violento. "Criaram a imagem", diz. "Sou pai de família, tenho filho, neta, minha igreja [evangélica], hobbies, adoro passear, ouvir as pessoas, ajudá-las. E fico com a pecha de ser violento? Por que quero a coisa certa? Isso magoa."

A fama vem dos tempos de policial militar, função exercida por 33 anos. Aposentado, virou cobra sem dente. Ele explica: "Você tem o posto de coronel, mas não manda porra nenhuma".

Cobra sem dente, assume pela primeira vez o mandato de deputado, deixando um histórico de 18 projetos aprovados na Câmara, alguns colegas vereadores que até convidaria para tomar um café em casa e polêmicas.

A primeira delas surgiu em 2013, ao propor uma homenagem, a Salva de Prata, para o batalhão que comandava. "Teve aquele discurso que a Rota só mata preto e pobre da periferia. Não aguento mais esse discurso babaca."

A proposta gerou discussões e, em meio a gritos de fascista, foi aprovada. "Foi bom politicamente, o meu nome ficou quatro dias no jornal."

A segunda confusão emergiu após a reeleição de Dilma Rousseff (PT), em 2014. Numa rede social, o coronel escreveu que o Sul e o Sudeste deveriam iniciar "o processo de independência de um país que prefere esmola a trabalho". "Foi uma má colocação", afirma hoje o coronel, que diz defender o federalismo.

O episódio, diz Telhada, mostrou a ele "como é perigoso falar na internet". Em sua página em uma rede social, é seguido por 229 mil pessoas, número próximo ao de votos recebidos por ele na corrida para a Assembleia.

Com eleitores de jovens a idosos e votação expressiva na periferia, o coronel diz não ser nem de esquerda nem de direita, e, sim, um conservador, que cumpre a lei à risca e procura seguir os mandamentos da Bíblia.

A ascensão política foi registrada, em janeiro, no "The New York Times", a quem o coronel disse ter matado mais de 30 pessoas em confrontos.

À sãopaulo, ele afirma nunca ter feito a conta. "Mas sei que são mais", diz. "Nunca fugi da briga, sempre estive à frente da tropa. E entre dar tiro e tomar tiro, prefiro dar tiro e matar. Número alto seria se eu tivesse morrido."

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