Luiza Lian estreia disco solo explorando timbres psicodélicos

Em seu primeiro disco solo, Luiza Lian, que se apresenta na quinta (2), no Itaú Cultural, explora timbres psicodélicos dos anos 1970 e referências do blues, do jazz e dos terreiros —estas fruto de sua experiência no Reino do Sol, grupo de umbandaime (mistura entre a doutrina do daime com a umbanda) do qual seu pai, Gê Marques é um dos dirigentes.

"No meio dessa salada tem uma unidade bem forte", diz a cantora. A banda que a acompanha no disco homônimo e no show, formada por músicos como Tim Bernardes (O Terno) influenciou o seu som, embora o direcionamento seja "100%" dela. "Montamos os arranjos coletivamente. Às vezes o Tim chegava com uma guitarra distorcida e eu pedia 'mais Iemanjá e menos mellotron (teclado semelhante a um órgão)", lembra aos risos.

Além dele, Lian conta com Guilherme d' Almeida, no baixo (O Terno e Grand Bazaar), Tomás de Souza, nos teclados (Charlie & os Marretas e Grand Bazaar), Charles Tixier, na bateria (Charlie & os Marretas), e Juliano Abramovay, no violão (Grand Bazaar, Noite Torta e Orkestra Bandida). Todos companheiros de selo, o Risco, formado atualmente por nove bandas e artistas.

Com eles, ela exercitou reinterpretar as próprias musicas. "Foi uma troca. A gente já tocava junto há um tempo. Fui mostrando o que eu tinha e fomos colocando um pouco de cada. Acabou ficando com essa cara meio anos 1970, que penso ser a referência em comum entre todos", explica.

"Luiza Lian" levou três anos para ficar pronto. A cantora já tinha lançado informalmente outro trabalho autoral, "Rio Adentro", com a banda Noite Torta, mas é no disco que leva seu nome que pôde colocar mais de suas experiências e memória afetiva.

Mais da metade do álbum, constituído de 13 músicas, é de composições dela. As demais, são da amiga Barbara Malavóglia ("Me Tema") ou de seu pai ("Protetora", "Ônibus Lotado", "Luz da Vela" e "Gula" —esta com Beto Bianchi).

As composições do pai, uma das motivações para a produção do álbum, eram cantadas por sua mãe, Fabiana Lian, durante a sua infância em Trancoso (BA). Lá, Fabiana também tinha uma banda "com uns argentinos" e cantava músicas do marido que nunca foram gravadas. Além delas, Luiza incluiu "Escuta Zé", um poema que foi musicado.

Há ainda dois cantos para Oxum (orixá que representa a sabedoria e o poder feminino): "Chororô" e "Protetora". A maneira feminina de se relacionar com o sexo, o corpo e a vida é outro tema abordado. "É autobiográfico no sentido de mostrar como eu vivo as coisas. Se estou falando de uma linha de amor, dentro do amor também tem isso, de se conectar com o outro. As alegrias e as viagens que a gente tem dentro disso. O sexo faz parte", finaliza.

Itaú Cultural - sala Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, Bela Vista, região central, tel. 2168-1776. 249 lugares. Qui. (2): 20h. 60 min. Livre. Retirar ingr. 30 mín. antes. Estac. c/ manob. (R$ 14 a 1ª h, na r. Leôncio de Carvalho, 108 ). GRÁTIS

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