Diretor fala sobre 'Casa Grande', filme baseado em crise de sua família

"Casa Grande", estreia da semana, é um filme sobre luta de classes. Mas também não deixa de ser uma obra a respeito do —delicado— processo de amadurecimento de um adolescente.

No caso, ele é Jean (Thales Cavalcanti, em seu primeiro trabalho como ator), garoto rico que cursa o último ano do ensino médio em um tradicional colégio carioca só para meninos.

Secretamente, seus pais (Marcello Novaes e Suzana Pires), preconceituosos, estão falindo, apesar de ocultarem os fatos e manterem as aparências de todas as maneiras possíveis: conservam o casarão de três andares na Barra da Tijuca, os quatro carros, as duas empregadas domésticas e o motorista- este último, na casa há mais de dez anos.

Quando a situação fica insustentável, os funcionários são, pouco a pouco, cortados. Severino (Gentil Cordeiro), responsável por levar e trazer Jean da escola, é demitido, mas Hugo, o patriarca, diz que o homem está em férias.

Assim, o jovem passa a andar de ônibus, o que o livra da superproteção. Um dia, conhece Luiza (Bruna Amaya), uma estudante da rede pública que abre seus olhos ingênuos para o mundo real.

Dirigido por Fellipe Barbosa, 34 (leia entrevista abaixo), o longa-metragem acompanha a formação do caráter de Jean, que o distancia de sua família e o aproxima das pessoas que mais lhe parecem sinceras e amorosas: os trabalhadores da "casa grande".

Informe-se sobre o filme

*

sãopaulo - "Casa Grande" é parcialmente inspirado na sua vida. O que é real e o que é ficção no filme?
Fellipe Barbosa - Baseei-me em um evento que aconteceu com minha família quando eu estudava em Nova York. Como não estava aqui na época e já não era adolescente, o filme é uma fantasia de como seria se eu estivesse e tivesse a idade do Jean.

Seu longa foi comparado com "O Som ao Redor". Há semelhanças?
Sim. Eles partem de lugares muito íntimos. A partir de microcosmos, tentamos abordar questões maiores. Uma semelhança mais concreta é que pessoas fundamentais das equipes são as mesmas.

O drama social é uma nova tendência do cinema nacional?
Acho que esse subgênero sempre existiu. Talvez o ponto de vista seja uma nova tendência, que é o da classe média, da classe média alta. A nova geração está superdisponível para se colocar na tela.

Publicidade
Publicidade