Além dos personagens marcantes que protagonizam os documentários de Eduardo Coutinho —morto em 2014 pelo filho, que sofre de esquizofrenia—, estão duas figuras essenciais: João Moreira Salles e Jordana Berg (leia entrevista abaixo).
Ele, produtor de boa parte das obras do paulistano. Ela, montadora de 12 filmes do cineasta, como "Jogo de Cena" (2007), "As Canções" (2011) e "Últimas Conversas", derradeiro longa do diretor que foi concluído pela dupla e que chegou aos cinemas da capital na quinta (7).
No título, jovens estudantes de baixa renda do Rio de Janeiro adentram uma ampla sala, sentam-se em uma cadeira simples e começam a relembrar fatos sobre suas vidas. Na tela, meninos e meninas choram, riem e cantam.
Temas como bullying, amor e problemas familiares são retratados na produção, que começa com um entrevistado especial: o próprio Coutinho. Com seu conhecido estilo ranzinza, ele divaga sobre o trabalho em questão e diz que aquele "é um filme que deve dar errado".
Uma pena Coutinho não saber, mas aconteceu justamente o contrário.
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LEIA ENTREVISTA COM A MONTADORA JORDANA BERG, 51
sãopaulo - De onde veio a ideia do "Últimas Conversas" ser finalizado por você e pelo João Moreira Salles?
Jordana Berg - Foi uma decisão minha e do João. Acredito que foi o caminho natural, já que os dois éramos os parceiros mais intensos do Coutinho, cada um em uma ponta do processo. Então, tivemos uma conversa e concluímos que deveríamos fazer isso juntos.
Como foi o período de conclusão desse filme?
Durante a montagem do "Últimas Conversas", eu aceitei outros trabalhos paralelamente porque era muito pesado trabalhar só nesse filme. Era insuportável para mim ficar muitos dias seguidos lidando apenas com ele.
O processo demorou?
Não sentávamos na ilha [de edição] juntos. Eu editava, mandava para ele o corte, ele assistia, a gente se encontrava e discutia aquilo. Ia para casa, pensava, amadurecia as ideias e, depois de algumas semanas, mandava para o João o novo corte. Foi assim até o final.