Italiano Nicola Lama será o astro do musical 'Nine', que estreia em SP

O ator italiano Nicola Lama, que tem 38 anos e mora no Brasil há dez, foi o escolhido para viver o também italiano Guido Contini em "Nine - Um Musical Felliniano", que chega sábado (23) ao recém-inaugurado Teatro Porto Seguro, no centro.

Ele, que já participou de outras superproduções como "Um Violinista no Telhado" e "O Mágico de Oz", volta a ser dirigido por Charles Möeller e Claudio Botelho. O espetáculo —inspirado no filme "8 1/2" (1963), do cineasta Federico Fellini— já teve mais de 1.700 sessões na Broadway e ganhou cinco prêmios Tony, o Oscar dos musicais.

A história fala de Guido, um famoso diretor de cinema que passa por uma crise criativa. Ele resolve passar um tempo num spa em Veneza e, lá, encontra as mulheres de sua vida —na realidade, em sonhos ou fantasias.

Elas são interpretadas por Totia Meireles (produtora), Carol Castro (sua mulher), Mayana Moura (musa), Malu Rodrigues (amante), Letícia Birkheuer (jornalista), Myra Ruiz (prostituta) e Beatriz Segall (mãe) —que vai fazer sua estreia em musicais, aos 88 anos.

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BATE-PAPO COM NICOLA LAMA

sãopaulo - Qual a primeira coisa que você fez quando soube que o papel era seu?
Nicola Lama - Tentei esquecer: estava para entrar em cena em "Os Saltimbancos Trapalhões"! Era uma notícia que eu estava esperando havia cinco anos, pois é um projeto de longa data com Charles e Claudio [diretores]. A partir disso, minha palavra de ordem foi "foco". Mergulhei em aulas intensivas de voz e canto lírico, pois minha referência sempre foi a montagem original do "Nine", com Raúl Julia como Guido Contini, e ele tem aquela voz impostada de tenor lírico.

É o personagem da sua vida?
Por eu ser italiano, é difícil imaginar um papel melhor do que Guido, protagonista de um musical que conta a história de "8 1/2", filme que marcou a história do cinema, rendendo um Oscar a Fellini.

Este personagem me permite oferecer um recorte da cultura do meu país, sendo grande motivo de orgulho e de saudades, não só do meu país, como de um momento especial na história da Itália, uma saudade não só devida à distância, mas ao tempo que passa. Hoje, a Itália não consegue brilhar no universo artístico como nessa época distante.

É um personagem no qual me espelho muito, que transita entre o humor, drama e tragédia, está no olho de um furacão de emoções, levado pela fúria a se autodestruir para criar novamente. É muito desafiador, pois as músicas são consideradas entre as mais difíceis dos musicais da Broadway.

Como é conviver com tantas mulheres nos ensaios e bastidores?
As mulheres são o motor que movimenta a vida artística de Guido e, do mesmo jeito, são elas que fazem o "Nine" acontecer. Todo mundo se trata com muito respeito e bom humor, as vozes delas são como as de sereias que me levam para águas turbulentas! Às vezes tenho a sensação de sucumbir, pois sou o único homem —mas, felizmente, tenho outro parceiro no espetáculo: um menino de 8 anos, que faz o Guidinho!

Por que vale a pena ver "Nine"?
É um dos musicais que ficou por mais tempo em cartaz na Broadway, ganhou montagens em dezenas de países, ganhou vários prêmios Tony. No filme, a história é contada de forma linear, enquanto na peça tudo acontece ao mesmo tempo na cabeça de Guido: sonhos, desejos e realidade se misturam em planos superpostos, no mesmo momento, no mesmo lugar.

Acho que se trata de um espetáculo com uma dramaturgia muito inteligente e músicas rebuscadas, algumas bem-humoradas, outras dramáticas.

A história é universal, pois todos nós, em algum momento, sentimos essa crise criativa. Acredito também que São Paulo seja uma praça em que este projeto vai despertar interesse, devido à imigração italiana na cidade.

E por que você escolheu morar no Brasil?
Antes de me mudar para o Brasil, morei alguns anos em Paris, mas tinha a sensação de que precisava ir mais longe! Já conhecia o Brasil e tinha ficado encantado com este país e com o espaço que é dado aos jovens (na época, eu era jovem!). Acho que o "Nine" comprova que eu estava certo.

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