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Fechado até 2022, Museu do Ipiranga é o preferido dos paulistanos

Como pode um lugar fechado ser o preferido em sua categoria? No caso do Museu Paulista da USP, o popular museu do Ipiranga, a resposta está no afeto que se encerra em nosso peito.

"É uma relação emocional", diz Sheila Walbe Ornstein, 59, arquiteta, urbanista e diretora do museu desde 2012. As razões do apego vêm dos simbolismos: "nasceu como monumento à Independência, depois foi o primeiro museu da cidade e, desde os anos 1920, tem vocação educativa".

Antes de fechar, o local recebia duas escolas e mais de 3.000 visitantes por dia. Muitos têm como memória a visita ao Ipiranga em comitivas escolares e tantos outros viram nessa a única chance real de ir a um museu.

Isso ajuda a explicar por que a predileção geral, de 41%, é ainda maior entre quem está acima de 41 anos (48%) e entre os que têm só ensino fundamental (60%) ou médio (53%).

Infográfico/Arte Folha

Simbologia e imaginário são razões citadas também por Yvone Dias Avelino, professora de história da PUC-SP. "A cripta com os restos do imperador, a bandeira do Brasil e a dúvida: será que dom Pedro 1º gritou mesmo ali? Muito poderoso", ela diz.

O museu está fechado desde 2013 devido à deterioração que punha em risco funcionários e visitantes —os forros podiam cair. Deve reabrir em 2022, quando a Independência faz dois séculos. Ali estão mais de 125 mil peças, entre mobiliário, armas, vestuário, moedas e pinturas. Sem contar a biblioteca, com quase 90 mil livros, e cerca de 40 mil documentos.

"O acervo não é dos maiores nem mais relevantes, mas ali nasceu oficialmente o Brasil", pondera Laurentino Gomes. O jornalista e historiador, autor de obras como "1808" e "1822", vê no local um espelho no qual buscamos identidade e lamenta que "a imagem hoje não seja das melhores".

Embora compreenda a aflição com o trabalho "até aqui invisível", a diretora ressalva que "há licitações e toda uma logística para colocá-las em marcha". Para isso, é preciso conjugar órgãos de tombamento municipal, estadual e federal, além de outras instâncias públicas: o museu é gerido pela USP, estadual, e o parque é municipal.

Serviço: Museu com 125 mil itens de mobiliário, armas, moedas, pinturas e livros dos séculos 19 e 20
O que oferece: Cripta com os restos mortais do imperador dom Pedro 1º e de suas duas mulheres
Criação: Inaugurado no primeiro aniversário da República, em 1890, foi integrado nos anos 1960 à administração da USP
Contato: mp.usp.br e tel. 2065-8000

Mapa/Folha

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