Prédio na São Luís onde vive João Silvério Trevisan já abrigou Caetano e Gil

"Dizem que sumia muito leite da vizinha do Caetano", conta, em tom de brincadeira, o escritor João Silvério Trevisan. Erguido na avenida São Luís, o Santa Veronica, onde ele vive, abrigou o cantor baiano na década de 1960.

No bloco ao lado, morava Gilberto Gil. Segundo boatos que correm pelos elevadores, era comum que, na volta de noitadas, a dupla surrupiasse a garrafa de leite da porta da vizinha.

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O prédio de arquitetura neoclássica data de 1949 e está tombado. Ao longo das décadas, foi habitado por figuras ilustres em busca do charme boêmio da rua São Luiz. "Era a Via Veneto paulistana", diz Trevisan, que não se mudou pra lá em busca do charme, mas dos preços mais baixos em relação a áreas próximas. Reflexo de um processo de desvalorização que se deveu, em boa parte, à deterioração do bairro, menos patente nos últimos anos.

"A decadência do centro nunca foi superada. Mas houve um determinado momento em que se começou a repensar essa região, especialmente a São Luís, que sempre foi muito querida pelos artistas", afirma Trevisan.

O apartamento do escritor tem 180 metros quadrados, pé-direito alto e duas varandas, com direito a jardim e horta. E guarda uma coincidência que demorou algum tempo para ser notada: fica exatamente em frente ao edifício Itália, cenário de "Dois Corpos que Caem", um de seus contos mais célebres. "Como são fantásticas essas sincronicidades da vida e da cidade, não é mesmo?", reflete Trevisan.

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