Cães guardarão cemitérios do Araçá e da Consolação; conheça seu ofício

Rita, Rat, Romeu, Rambo, Rex, Rint e Raider não sabem, do alto de seus quatro meses de vida, mas é capaz que o cemitério seja seu destino em breve. Os irmãos pastores alemães ainda parecem ter mais orelha e língua do que corpo, mas logo começarão a formação profissional.

A ninhada nasceu em um dos canis que fornece animais para guardar fábricas, construções, casas e necrópoles, como a da Consolação.
No começo do ano, o mortuário da rua da Consolação testou um esquema de segurança com seis cães guardando à noite os trechos de muro prediletos de gatunos.

"Os furtos caíram de 40 por mês a zero", diz a chefe do Serviço Funerário, Lúcia Salles França Pinto. "E cão não tem medo de alma penada."
A empreitada foi considerada bem-sucedida pela prefeitura, que fará uma licitação neste mês para contratar 20 cães para guardar os cemitérios da Consolação e do Araçá, onde oito canis já foram construídos.

A sãopaulo visitou o Canil Vale das Pedras, em Santa Izabel (SP), um dos principais fornecedores de pastores alemães do Estado.

"Esses cães são extremamente inteligentes e obedientes", diz Sérgio Sampaio, ex-policial militar que toca o negócio e aluga pastores por R$ 800 mensais, valor que inclui comida e veterinário e banhos quinzenais.

Sampaio sugere que cada animal tenha um guia humano consigo, em vez das câmeras de vídeo que o poder público prevê. O criador tampouco utiliza o método de contenção usado, uma guia presa a um fio de aço esticado entre postes.

Associações dos direitos dos animais dizem que o método, além de estressar os bichos, pode fazer com que eles se enforquem sem querer.

"Eu recebo isso como uma péssima notícia. Está na contramão da história", diz o deputado estadual Feliciano Filho (PEN), autor de leis como a que proíbe a criação de animais para o uso exclusivo de sua pele. "Usar cães para isso é pensar só na questão material, mas esquecer da mais fundamental: a vida."

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