Antes coveiro, guia conhece mortos famosos do cemitério da Consolação

O guai do Cemitério da Consolação, Francivaldo Gomes, 48
O guai do Cemitério da Consolação, Francivaldo Gomes, 48

Sempre de calça social, camisa e cabelo engomado, com 1,56 m e jeito pomposo, Francivaldo Gomes, 48, o Popó, é presença quase diária no cemitério da Consolação, o mais antigo da capital. Com falas rebuscadas que parecem saídas de livro, ajuda turistas e paulistanos a desvendar histórias enterradas há 157 anos no local.

"Diga qualquer nome de personagem histórico, diga o nome de uma rua", desafia o cearense apaixonado por São Paulo e guia do passeio monitorado desde 2002. Ao ouvir um nome, mexe a cabeça, procurando na memória, e dispara: "Libero Badaró. 1798-1830. Jornalista italiano, veio para o Brasil e fundou o jornal 'O Observador Constitucional'. Defensor do liberalismo durante o império. Morreu com um tiro e foi enterrado aqui".

Teatral, o guia olha para o alto, levanta uma das mãos e proclama as últimas palavras do referido: "Morre um liberal, mas não morre a liberdade!".

O ofício começou após a morte do antigo coordenador dos passeios e administrador do local, Délio Freire dos Santos. Foi com ele que aprendeu o que sabe. "Eu era sepultador. O Délio que me ensinou a amar São Paulo."

Hoje, a cidade e o cemitério são as suas paixões. Emocionado, Popó conta que, assim como o seu mentor, gostaria de ser enterrado ali.

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