A despeito do espectro da crise que ronda a economia brasileira, a CVC foi a marca de turismo mais lembrada em pesquisa espontânea realizada pelo Datafolha. Entre os entrevistados das classes A e B, a empresa recebeu 44% de citações.
Outras marcas mencionadas na pesquisa, que testou a popularidade das empresas do setor de turismo, foram a TAM, com 7%; a Decolar.com, lembrada por 3%; e a Gol mencionada por 2% dos ouvidos.
As demais marcas lembradas pelo público atingem, no máximo, 1%. No geral, 28% dos paulistanos não se recordam de empresa alguma.
A popularidade da CVC, fundada em Santo André (SP) em 1972, mostra que, ao longo de 43 anos, a operadora soube driblar as crises e as transformações ocorridas no setor.
Num tempo em que algumas das operadoras tradicionais de turismo passaram —e seguem passando— por dificuldades, e que mesmo as empresas virtuais, mais focadas na venda de viagens online, não apresentam resultados tão consistentes, a CVC fez a lição de casa.
Com a popularização da internet nas últimas duas décadas, o setor de viagens viu diminuir suas comissões diante da venda direta online de passagens aéreas e hospedagens.
Atenta a esse movimento, a CVC se reinventou e investiu em sites, mas não perdeu o foco no seu público consumidor e, principalmente, manteve os anúncios publicados em jornais e revistas de grande circulação, no rádio e na TV.
Em 2009, a operadora, que já era líder na indústria de viagens no país, recebeu investimentos do grupo norte-americano Carlyle, que adquiriu 63,3% da empresa. Em 2013, a CVC abriu seu capital na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), consolidando sua expansão.
MODELOS VENCEDORES
Mas a explicação para a popularidade não se atém às suas mudanças meramente empresariais ocorridas nos últimos anos. A operadora se modernizou, mas manteve suas características essenciais. Um exemplo foi a manutenção dos seus fundadores, apesar do aporte recebido.
O seu fundador Guilherme Paulus é hoje, além de acionista, presidente do Conselho de Administração da operadora. Valter Patriani, aliás, "seu Valter", o atual vice-presidente de produtos, marketing e vendas, também continua à frente da CVC.
Juntos, Paulus e Patriani são dois dos mais importantes protagonistas da indústria de viagens no país desde que a operadora nasceu, numa pequena loja de 60 m2. Para fortalecer o time, a empresa contratou Luiz Eduardo Falco, que foi vice-presidente da TAM e, hoje, é presidente-executivo da CVC.
Com 934 lojas de portas abertas para as ruas em mais de 300 municípios brasileiros, a CVC fatura cerca de R$ 4,5 bilhões e embarca mais de 3 milhões de passageiros por ano.
No primeiro semestre de 2015, suas reservas confirmadas totalizaram R$ 2,51 bilhões. E as vendas pela internet têm aumentado: só as reservas realizadas on-line ficaram na casa dos R$ 128,7 milhões, um crescimento de 22,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
Graças à sua escala consideravelmente maior do que as concorrentes, a empresa organiza pacotes a preços competitivos para mais de mil destinos nacionais e internacionais.
Pacotes que, aliás, não se atêm a um nicho específico. Na outra ponta da indústria, num tempo em que o dólar decola, as operadoras tendem a se especializar para sobreviver.
Como a educação é, em geral, considerada um investimento que não deve ser cortado, as empresas especializadas em intercâmbio —viagens de estudos para quem quer aprender idiomas— tendem a sofrer menos com a queda nas vendas. O Datafolha também perguntou qual a melhor agência ou operadora que atua nesse segmento. Depois da CVC, que ficou com 4% de menções, vem a Central de Intercâmbio (CI), lembrada por 3% dos paulistanos ouvidos.
A CI tem 87 lojas em todo o país e também realiza suas vendas por meio de um site bastante completo, que traz informações sobre as escolas, transporte, custo de vida, programação cultural e viagens no entorno das cidades onde os cursos acontecem. Entre os entrevistados, 81% não lembraram a marca de nenhuma empresa de intercâmbio.