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Seattle e Bauru se encontram no gosto do paulistano por cafés

Mais de 10 mil quilômetros separam duas histórias de sucesso quando o assunto é uma das bebidas mais tradicionais do mundo, o café.

Em 1971 era aberta em Seattle, nos Estados Unidos, a primeira loja Starbucks. Um ano depois nascia, numa rua da pacata Bauru, no interior de São Paulo, o Fran's Café.

Apesar da distância, nos dois casos foram mulheres que direcionaram os marmanjos: Jerry Baldwin, Zev Siegel e Gordon Bowker encontraram inspiração na sereia de "Moby Dick", que tornou-se um símbolo inconfundível da marca norte-americana.

O Fran's, do paulista Francisco Conte, foi impulsionado pelo público feminino que tornava-se mais ativo social e culturalmente naquela década e carecia de um lugar para se reunir.

Ainda hoje, mais de 50% da clientela do Fran's é formada por mulheres, segundo José Henrique Ramos Ribeiro, sócio-diretor.

Tanto a marca paulista quanto a norte-americana foram citadas por 13% dos entrevistados das classes A e B de São Paulo ao Datafolha.

Apesar de ocuparem a mesma categoria, as lojas têm consumidores com perfis distintos. Enquanto na Starbucks jovens anseiam pelo wi-fi e pelo copo personalizado com seus nomes escritos à mão, o Fran's é frequentado por um público mais maduro, em reuniões ou em pausas.

O cardápio do Fran's é padrão no Brasil todo -"São Paulo é referência para o país", diz Ribeiro. "E quando a marca chega em outras bandas, os clientes querem o que já aprovaram por aqui."

O menu da Starbucks, por sua vez, tem diferenças em comparação com o restante do mundo, além das particularidades de consumo. "Uma delas é aquele momento do expresso pós-almoço", cita Renato Grego, gerente de marketing da Starbucks Brasil. Neste ano, a marca de Seattle comemora dez anos no Brasil. E com o tempo, vieram adaptações. Hoje, é possível pagar as compras via aplicativo.

O Fran's continua no tête-à-tête, tradição de contato que os donos fazem questão de manter. Nos anos seguintes à estreia em São Paulo, Francisco e Henrique faziam ronda para observar a expressão dos clientes. "Se eles não olhavam com a cara de prazer que a gente esperava, trocávamos até eles ficarem satisfeitos", diz Henrique.

Anos depois, a distância entre as duas histórias diminuiu. Na rua Haddock Lobo, nos Jardins, a Starbucks ocupa o número 608, o Fran's, o 586. Parede com parede.

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Para saber +

Fran's Café

  • Fundação: 1972, em Bauru
  • Unidades: 150 no Brasil (90 no Estado de São Paulo)
  • Funcionários: 2.000
  • Faturamento: R$ 120 milhões em 2015
  • franscafe.com.br
  • 4196-8680

Starbucks

  • Fundação: 1971, em Seattle
  • Unidades: 23 mil lojas
  • pelo mundo (81 no Estado de São Paulo)
  • Funcionários: 1.104
  • starbucks.com.br
  • Tem um aplicativo, o
  • "My Starbucks Rewards"

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José Henrique Ramos Ribeiro, sócio-diretor do Fran's Café

Quem é o seu público?
É o intelectual que gosta de qualidade. São também empresários, artistas e jornalistas. E muitos clientes têm a loja como continuidade da própria casa. Chegam por aqui por volta das 22h e só vão embora lá pelas 4h. Nossa estratégia foi colocar lojas espalhadas pelos grandes bairros de São Paulo. Nos preocupamos muito com os clientes. Eles são
o nosso patrimônio.

Renato Grego, gerente sênior de marketing da Starbucks Brasil

Quais as particularidades dos clientes paulistanos?
Em relação ao resto do mundo, percebo que eles prezam por ficar mais tempo na loja. Mas até mesmo entre unidades muito próximas dentro de São Paulo vejo diferenças. A Starbucks perto do parque Trianon, por exemplo, é mais cheia pela manhã: os clientes passam, pegam um café e vão para o trabalho. Na loja da alameda Santos é o contrário. O fluxo começa mais tarde e o público utiliza o local principalmente para reuniões.

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