O Melhor de São Paulo - Serviços

Com serviços para todos os gostos, São Paulo é a meca do setor no país

Ilustração OSilva

Cinema, gastronomia (em casa ou fora dela), lojas de todos os tipos, hotéis para todos os gostos. É difícil pensar em um serviço que não esteja ao alcance de quem mora ou visita São Paulo. Como outras metrópoles urbanas pelo mundo, a cidade deixou de lado há algumas décadas a essência industrial para se tornar a capital brasileira dos serviços.

É possível que a primeira lembrança de qualquer paulistano ao tratar do tema seja a dos serviços do dia a dia, aqueles que fazem a diferença na rotina de quem tem a vida corrida —um clichê (verdadeiro) da cidade. Mas um olhar mais profundo revela que São Paulo também se destaca em segmentos mais técnicos, em áreas como finanças, educação, tecnologia e saúde.

A transformação começou na década de 1970, quando as grandes indústrias antes instaladas na capital paulista começaram a migrar para municípios da Grande São Paulo —em especial no chamado ABC— e do interior, atrás de incentivos fiscais ou terrenos mais baratos.

Pouco a pouco, a cidade passou a se parecer menos com a industrial Barra Funda e mais com o microcosmos de bairros como o Bexiga, que em 1900 já se destacava pelos alfaiates, marceneiros, amoladores de facas e padarias (algumas delas ainda em pé, como Basilicata e São Domingos).

Ilustração OSilva

O resultado foi a redução brusca da participação da indústria na geração de riqueza em São Paulo, que chegou ao pico histórico de 51% em 1959, durante o milagre econômico de Juscelino Kubitscheck, e, de 1949 a 1985, nunca tinha ficado abaixo de 45% do PIB (Produto Interno Bruto) paulistano. O número foi caindo para 36%, em 1996, 20% em 2003 e 14,2% em 2013, último número da pesquisa da Fiesp, a partir de números de Ipea, IBGE e Fundação Seade.

Enquanto perdia máquinas, São Paulo foi atraindo os serviços que dominam a indústria do século 21, avaliados no especial "O melhor de sãopaulo - serviços" pelos paulistanos das classes A e B, entrevistados pelo Datafolha.

Serviços médicos e hospitalares, decoração e design, congressos e eventos, mídia, lavanderias, óticas, publicidade e tecnologia. Além de atenderem os paulistanos, fazem brasileiros de diversos Estados viajarem até aqui atrás da melhor dermatologista, do melhor vestido, da edição mais sofisticada aos eventos de padrão internacional.

Mais de 80% do PIB paulistano depende, hoje, dessa categoria, que, de acordo com a Fecomercio-SP (entidade do setor), faturou R$ 256,5 bilhões no ano passado em todo o Estado de São Paulo.

TENDÊNCIA

E, ao contrário do que alguns saudosistas podem pensar, São Paulo não se tornou mais pobre ou menos relevante com essa troca de guarda, que também ocorreu nas mais ricas cidades do mundo.

Em Nova York, onde o PIB de US$ 1,4 trilhão é seis vezes maior que o paulistano apesar da população menor, os setores mais poderosos são os de serviços financeiros, saúde, varejo, cinema e TV, turismo e até a crescente tecnologia, chamada, com um pouco de modéstia e outro de aspiração, de "Beco do Silício" —uma referência ao Vale do Silício, o berço tecnológico dos EUA, na Califórnia.

"A cidade cria riqueza, atraindo universidades e outros serviços que acabam por transformá-la", diz Vitor França, assessor econômico da Fecomercio-SP. "Dentro do Brasil, São Paulo é, sem dúvida, a cidade que mais incorporou esse espírito e está mais na fronteira da sociedade pós-industrial."

De Cingapura a Hong Kong, de Dubai a Londres, os serviços dominam a economia urbana dessas metrópoles. O legado fabril de décadas passadas foi reaproveitado nas outrora capitais industriais.

Da Barra Funda à Mooca, da avenida do Estado ao Brás, não faltam grandes estruturas de tijolinho e pés direitos vertiginosos que poderiam virar os equivalentes das galerias de arte do Chelsea e do Brooklyn e dos lofts de Tribeca, em Nova York, ou até dos restaurantes de Puerto Madero, em Buenos Aires, e dos Docklands londrinos.

CRISE

Não se pode negar que, como todos os outros setores da economia brasileira, o de serviços também sofre com a crise econômica que se instalou no país. A redução do orçamento familiar e também de custos nas empresas prejudica, temporariamente, o faturamento do segmento —que voltou a níveis de 2012 no ano passado.

França ressalta, no entanto, que o problema é apenas conjuntural. "Quando olhamos para a estrutura, a cidade tende a se consolidar cada vez mais como referência no setor."

"A cidade une características de diversidade, cultura, educação e tecnologia que tendem a reforçar esse perfil de serviços nos próximos anos", afirma o assessor da Fecomercio.

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