Com a recente regularização em São Paulo de aplicativos de transporte de passageiros, como o Uber, mais serviços começam a ganhar as ruas. Um deles promete, além de carros pretos de luxo com wi-fi, proteção contra tiros e outros perigos da cidade.
A frota só de blindados passará a circular na capital e no Rio em julho e pertence ao Bluclub, criado pelo grupo Itororó, que reúne 16 concessionárias na cidade sob os nomes Amazonas (Fiat), Itacolomy e Itororó (Chevrolet). Segundo a CET, há cerca de cem táxis de luxo blindados na cidade, porém eles não atendem via aplicativos.
Os veículos da Bluclub contarão com nível de proteção 3A –capaz de resistir a disparos de revólveres, mas não de fuzis. Inicialmente, a empresa terá 80 veículos, com previsão de chegar a 500 até o fim do ano que vem.
O serviço opera de forma similar à do Uber: com alguns toques no celular, o passageiro chama um motorista para buscá-lo. O pagamento é feito automaticamente ao fim da corrida por meio de cartão de crédito.
Embora possa ser usado para trajetos eventuais, como um táxi, o principal objetivo do Bluclub é atrair usuários para pacotes diários, como nos trajetos casa-trabalho.
"Se o cliente avaliar bem um motorista, temos uma logística para que ele seja atendido pelo mesmo condutor, sempre que possível, para criar uma relação mais próxima, como a de um funcionário", afirma Alexis Rollemberg, diretor de design do serviço.
Outra função diferente em comparação a outros serviços existentes é um botão de "bloqueio" do motorista: ao apertá-lo no celular, o passageiro fica com o carro à sua disposição por tempo indeterminado, até liberá-lo para voltar a atender chamados. O carro também pode ser usado para viagens a outras cidades, sem limite de distância.
Os preços, cobrados por distância, partem de R$ 90 por um pacote de 18 km, o que representa R$ 5 por quilômetro rodado. Como comparação, o Uber Black, que usa carros de alto padrão, cobra R$ 2,32 por km, mais R$ 0,90 por minuto de viagem.
As oficinas das lojas serão usadas para realizar a manutenção dos carros e também servirão como base para os motoristas enquanto aguardam chamados.
O serviço terá tanto automóveis próprios, com motoristas contratados pela Bluclub, que receberão salário mensal, quanto condutores associados, que usarão o próprio carro e ganharão por viagens feitas, no modelo consagrado pelo Uber.
Os motoristas receberão treinamentos, como de direção evasiva, em aulas presenciais. "A ideia é que eles saibam escapar de situações de risco", diz Rollemberg. Apesar do preparo aos condutores, o especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello, formado em direito, diz que é necessário orientar também os passageiros.
"Se durante o assalto a pessoa se assustar e abrir o vidro quando o ladrão mandar, a proteção será anulada", ressalta Lordello.
O pesquisador afirma que a procura por blindados em São Paulo cresceu nos anos 1990, durante uma onda de sequestros de empresários e famosos. Com a queda desse tipo de crime, acrescenta ele, a blindagem é buscada por quem teme assaltos em semáforos ou balas perdidas.
Há também oportunidades para quem quer fazer dinheiro com seu blindado: o Bluclub planeja fazer acordos para alguns veículos e, em troca, pagar até R$ 5.000 mensais aos proprietários que tenham um carro desses sobrando na garagem.