Museus e igrejas aproveitam 'invasão' de caçadores de 'Pokémon Go' para angariar visitantes

Passado um mês da estreia do jogo "Pokémon Go" no Brasil, espaços paulistanos que prezam pelo silêncio estão de portas abertas para os caçadores dos bichinhos. São museus, igrejas, bibliotecas e cemitérios.

A receptividade vai na contramão do que ocorreu em países como os Estados Unidos, o Japão e o Canadá, onde alguns desses locais pediram a Niantic, empresa criadora do game, que fossem removidos do jogo.

Na capital, a ideia dos administradores de locais como a Biblioteca Mário de Andrade, na Consolação e de igrejas sob responsabilidade da Arquidiocese de São Paulo é aproveitar a prática do jogo para incentivar a visita aos espaços.

Em "Pokémon Go", obras de arte e lugares históricos costumam servir de ginásios ou "pokéstops": locais aos quais o caçador deve ir para ganhar itens ou travar batalhas.

Um desses espaços é a igreja de Nossa Senhora da Consolação, na região central. "Nossa ideia foi propor uma interação com quem vinha jogar", afirma Rafael Alberto, secretário de comunicação da Arquidiocese. Na página da instituição em uma rede social, uma série de montagens convida os caçadores a participarem de celebrações e tirarem fotos —respeitando os outros visitantes, é claro. Segundo ele não houve tumulto nas igrejas até o momento.

Para Renata Motta, coordenadora de museus da Secretaria de Estado da Cultura, o jogo leva as pessoas a darem maior atenção a museus e bens tombados. "Queremos estar próximos das tecnologias contemporâneas, em especial as móveis, e acho que os museus podem se beneficiar muito delas."

É preciso, porém, respeitar algumas regras. Em locais como a Pinacoteca e o MIS (Museu da Imagem e do Som), por exemplo, os jogadores podem circular atrás dos personagens do jogo, mas sem perturbar outros visitantes —e os funcionários foram instruídos para dar orientações aos caçadores.

Na Sala São Paulo, por exemplo, há um "pokéstop" no hall de entrada, mas, uma vez dentro do concerto, funciona a regra básica: os celulares não podem ser usados.

E já houve desentendimentos. Na paróquia São Luís Gonzaga, na avenida Paulista, uma jogadora que estava no pátio foi advertida pelo segurança. "O funcionário agiu de forma errada. A orientação é que as pessoas não joguem"Pokémon Go" dentro da igreja durante as missas, mas isso pode ser feito na área externa", afirmou Márcio Costa, assessor executivo da paróquia.

Confusões à parte, o jogo parece mesmo incentivar a chegada de novos frequentadores aos espaços. Na Biblioteca Mário de Andrade, houve uma pequena renovação dos usuários, segundo Fabricio Reiner, supervisor de planejamento. "Os jovens vêm por conta do jogo, mas não ficam só por causa disso."

Cemitérios da cidade também atraem caçadores, pois algumas esculturas em túmulos guardam itens do game. O Cemitério da Consolação, por exemplo, tem cerca de 20 pokéstops.

"Jovens que nunca tinham entrado no cemitério acabaram descobrindo um acervo histórico e arquitetônico incrível", afirma Jair Batista, administrador do espaço. "Houve até aumento nas visitas guiadas, que não se deve apenas ao jogo. Mas o Pokémon faz uma propaganda positiva do espaço".

ROTAS DE CAÇA
Catavento
Há dez "pokéstops" e dois ginásios na área externa

Pinacoteca
Está cercada por 30 "pokéstops" e dois ginásios

Casa das Rosas
Há dois "pokéstops" no jardim - visite o restaurante do local

Cemitério da Consolação
Tem cerca de 20 "pokéstops"

Igreja da Consolação
O local é um "pokéstop"

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