Clássicos e belos, pratos do restaurante Loup têm mais acertos do que erros

Lila Batista/Divulgação
Sao Paulo, SP - 21/02/2017. Ceviche de caju, do Loup. Foto: Lila Batista/Divulgação. ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Ceviche de caju servido no restaurante Loup

Depois de uma experiência claudicante no restaurante do hotel Maksoud, Juca Duarte volta a exibir a potência de sua cozinha no novo Loup, casa elegante no Itaim Bibi, com jardins verticais aos quatro cantos. Aqui, ele pisa em um território de receitas mais conhecidas e clássicas de vários países, com menos invencionices, ainda que apareçam traços autorais —e certa pompa. No balanço, há mais acertos do que erros nas execuções, apresentadas com classe e beleza.

Surgem, pois, pedidas como o ceviche de robalo e camarão-rosa embebidos em leite de tigre de caju, que dá suavidade e um leve adocicado ao prato. O camarão é uma preciosidade, acrescido cru e delicadamente cozido pelo limão. Ferreira, aliás, mostra repetidas vezes esse esmero no preparo de frutos do mar que surge explícito no fideuà. A massa de fios curtos cozida em caldo de camarão, bem concentrado, de sabor intenso, chega à mesa sob lula, camarão, polvo, vieira, peixe —todos em ponto perfeito.

Das entradas, oferecidas para compartilhar (uma feliz comunhão e uma forma de provar mais opções), há que repensar os cannoli com creme de avocado (leve e aerado) e salmão ao perfume de trufa. O peixe é cortado tão fino que fica translúcido, sem graça, e o "perfume de trufa" tem aquele efeito devastador, reina absoluto.

O tartare de cordeiro, bem temperado e bom de fincar os dentes, chega na companhia de cebolas adocicadas e pipoca de arroz selvagem —excessivamente torrados, os grãos queimaram e, em vez daquele agradável tostado dissonante, sobrou amargor.

Brilha a salada de feijão-fradinho com camarões e vinagrete de dendê e suco de limão. Parte-se de uma combinação clássica no Nordeste (camarão e dendê) e cria-se uma receita autoral e bem-resolvida —feijão firme, vinagrete com fundo ácido e o azeite de dendê para dar cor e sabor.

Bem, agora aos dissabores: os preços (ainda provisórios) são incômodos —inclusive a carta de vinhos, com uma opção em taça, que varia ao dia e custa R$ 40. O serviço é grudento e indigesto. Não se acaba uma frase tampouco uma garfada antes que seja interrompido com a pergunta: 'Gostou, está gostando?'. Um inferno.

LOUP
Onde r. Doutor Mário Ferraz, 528, Itaim Bibi, tel. 3087-1089.
Quando seg. a qui., das 12h às 15h e das 19h à 0h; sex., das 12h às 16h e das 19h à 1h; sáb., das 12h à 1h; dom., das 12h às 17h30.
Avaliação bom

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