Aplicativo transforma histórias de amor em pingentes de mandalas

Divulgação
São Paulo, SP - 22/02/2017. Mandalas do Love Project. Foto: Divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Mandalas criadas pelo Love Project

Vá para um lugar calmo, coloque o indicador sobre a lente da câmera do seu celular, os fones de ouvido para ouvir as instruções e conte uma história de amor que você viveu. Após 30 dias, receba em casa uma pequena mandala, em forma de pingente, que traduz o seu sentimento. Não é magia. É um projeto de design e tecnologia que virou aplicativo.

Não há risco de violar a privacidade dos personagens, segundo a empresa que fez o aplicativo. As histórias narradas ao telefone não ficam gravadas. Os dados são captados e processados através de sensores que registram batimento cardíaco e modulação da voz e são usados habitualmente na medicina.

O aplicativo Aura Pendent faz parte do Love Project, que começou a ser concebido em 2013. O Love Project é um conjunto de programas que usa dados individuais, transforma-os em parâmetros de desenho e produz objetos ou altera a aparência de partes de um sistema.

O Aura é o primeiro produto de mercado da empresa criada pelo arquiteto Guto Requena, os designers Edson Pavoni e Eduardo Dias e o programador João Marcos para fazer das experimentações negócios, com planos e metas de vendas. As mandalas custam R$ 600, na versão em prata com banho de ouro rosa, e R$ 1.800, em ouro 18k maciço.

Requena diz ter obsessão por captar sentimentos e "trabalhar com a afetividade". "Sou contra a ideia de uma tecnologia fria, asseada, minimalista. A tecnologia pode ser quente e pode nos conectar".

"O Love Project é uma iniciativa de sustentabilidade afetiva. Ele pensa num futuro em que produtos únicos carreguem histórias pessoais e que tenham ciclo de vida mais longo", diz o arquiteto.

"O projeto inclui o consumidor na criação por meio das tecnologias numéricas. É ao mesmo tempo digital e superartesanal. Primeiro é feita uma impressão 3D do molde e depois o objeto é fundido um a um", complementa ele.

Com o Love Project, o estúdio de Requena ganhou um dos 26 prêmios que o Brasil levou no design iF 2017, um dos mais prestigiosos do mundo. O arquiteto também foi premiado com o projeto Criatura da Luz, o edifício de um hotel na avenida Rebouças, em São Paulo, que usa a tecnologia de parametrização, transformando informações sobre a poluição atmosférica e interações de usuários em alterações na fachada. O troféu iF Gold Award, prêmio máximo, que só será conhecido na festa de premiação que ocorre no próximo dia 10, em Munique, na Alemanha.

Requena tem dado palestras em escolas e centros de design para explicar esse uso particular que faz da tecnologia no desenho de sistemas. No ano passado, esteve em Moscou, Beirute, Pequim, Berlim e Bangcoc. Em janeiro, explicou na Sorbonne de Paris e na escola Bartlet de Londres o seu Love Project. Em julho, apresentará o projeto em Lisboa.

"Meu interesse é a coleta de sentimentos. No primeiro experimento, geramos vasos, fruteiras e luminárias por meio de relatos de convidados. Nos seguintes, em nossas performances públicas, abrimos para os visitantes participarem e foram geradas pequenas mandalas de plástico, que eram dadas a quem dava o depoimento", conta. "As pessoas começaram a usar as mandalas como pingentes, e daí veio a ideia de produzir uma joia."

"O mundo não precisa de mais uma cadeira, de mais uma mesinha, embora eu adore fazer. O que o mundo precisa é de design de sistemas. Incluir o consumidor, as histórias das pessoas", diz Requena.

No momento, o arquiteto acompanha in loco as obras do seu primeiro projeto de arquitetura em grande escala fora do Brasil. Trata-se da modernização do Centro Cultural Elétrico, que deve ficar pronto em outubro de 2017, com discoteca, casa de shows e espaço para convenções, na área de Port Versailles, em Paris, que passa por uma reestruturacão urbana.

Lá, usará também sinais vitais dos usuários, sons e ritmos da música para criar as variações da iluminação ambiente, de leds instalados em estruturas em forma de árvores.

"Meu foco total hoje é o uso da tecnologia em espaço público. Quero fazer mobiliário urbano que não apenas proteja da chuva, do Sol, ou que sirva para sentar ou apoiar a bicicleta. Quero criar camadas poéticas visuais na cidade", diz o arquiteto.

Saiba mais: loveproject.com.br

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