O forró entrou pela porta da frente na vida de Mariana Aydar, 37. Ainda menina, a cantora paulistana apaixonou-se pelo ritmo ao conviver com Luiz Gonzaga (1912-1989) –o Rei do Baião era empresariado pela mãe da intérprete, a publicitária Bia Aydar.
Na adolescência, porém, o forró chegava pela porta de trás. Mariana saía escondida de casa para dançar. "Quando o forró é bom, ainda me jogo", brinca a cantora, que segue frequentando o Remelexo e o Canto da Ema, casas em Pinheiros dedicadas ao gênero.
Cantar veio depois, dando uma canja aqui e ali, formando uma banda e fazendo backing vocal para Daniela Mercury. Quando percebeu, estava largando o violoncelo, primeiro instrumento que aprendeu a tocar –por influência do pai, o músico Mário Manga–, e voltando-se para o triângulo.
"O forró é a essência", diz Mariana. "Mas gosto de ter liberdade para passear por outros lados, como o samba e o pop, sempre enraizada na música brasileira", completa.
Para criar o novo disco, o passeio tem sido pelo Nordeste. A maioria das canções nasceu na Bahia, onde ela se refugia quando pode. "As composições estão meio baianas. Sempre do meu jeito, sem colocar em gavetas", explica a cantora.
Ainda sem nome definido, o álbum deve ser lançado no segundo semestre. Neste ano, ela também completa uma década de carreira e dá início a sua produtora de áudio, a Brisa –mesmo nome da filha de quatro anos que tem com o ex-marido, o forrozeiro Duani.
Bruno Shintate/Divulgação | ||
A cantora Mariana Aydar (à esq.) com a empresária Heloisa Aidar e o músico Marcio Arantes |
Com sede em sua casa arborizada em Alto de Pinheiros, o projeto foi inaugurado em março ao lado do multi-instrumentista Marcio Arantes e da empresária Heloísa Aidar. A ideia é associar músicos independentes à publicidade, ao cinema, à TV e à internet.
Para a nova coleção da marca carioca Farm, por exemplo, Mariana e Marcio elaboraram a música "Sol e Lua". Natura e T.Ishida também já fizeram parceria com o trio. A próxima será uma canção para "O Sentido da Vida", documentário do português Miguel Gonçalves Mendes.
"Tenho gostado de compor e de tocar baixo", diz Mariana, que dirigiu o documentário "Dominguinhos, Volta e Meia" (2014), sobre o músico pernambucano. "O bastidor sempre foi natural para mim, já que acompanhava os meus pais. Meu primeiro dente caiu atrás de um show do Lulu Santos, por exemplo."
O lado compositora aflorou com o nascimento de sua filha, há quatro anos –algumas das canções novas são para ela. "A música me ensinou a ser melhor, a lidar com pessoas. É uma trajetória de amadurecimento."