Pai de jovem morta em tragédia da TAM cuida de memorial às vítimas

No dia 17 de julho de 2007, São Paulo viveu a "maior tragédia da aviação civil brasileira". É assim que o acidente com o vôo TAM JJ3054, que matou 199 pessoas, está descrito na praça Memorial 17 de Julho, em frente ao aeroporto de Congonhas, na zona sul.

O marco foi inaugurado em 2012, cinco anos depois que o Airbus 320, que vinha de Porto Alegre, não conseguiu pousar, atravessou a avenida e explodiu ao se chocar com um prédio da própria TAM.

O avião transportava 164 passageiros e 23 tripulantes —não houve sobreviventes. Outras 12 pessoas morreram em solo. Então com 20 anos de idade, a comissária Madalena Silva estava a bordo da aeronave.

Em maio daquele ano, Madalena ficara noiva de André, seu namorado desde os 15 anos. "Perdemos nossa filha e também o André, que já era da família", diz o empresário gaúcho José Roberto Silva, 61, pai de Madalena, que vive em Dois Irmãos (RS) com a mulher, Terezinha, e a filha mais nova, Suellen, hoje com 26 anos.

Desde que começou a ser construído o memorial das vítimas do voo da TAM, Beto comprou apartamento em um prédio vizinho à praça e vem a São Paulo com frequência para cuidar do local e evitar que ela se deteriore. É fácil reconhecê-lo: ele está sempre de "uniforme", camiseta com a foto e o nome de Madalena no peito. Silva tem 32 dessas.

A pracinha é composta de um espelho d'água, hoje vazio, cercado pelos nomes de todas as vítimas. No centro, a amoreira que escapou à explosão e ao incêndio ganhou o apelido de "árvore da vida". Alguns anos atrás, a prefeitura esvaziou o espelho d'água. Beto não se conforma. Ele cuidava da água como se fosse a piscina de sua casa —gastava R$ 500 por mês em produtos com esse fim.

Nunca reclamou, mas agora está aborrecido. "É uma incongruência. Aprovaram a água no projeto do arquiteto Marcos Cartum e agora deixam o local seco, como uma ruína. Ninguém foi atrás de uma solução paisagística para substituir o lago. O memorial fica com a impressão de lugar abandonado."

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