Conheça quatro jovens atletas de clubes paulistanos que se preparam para a Olimpíada de 2020

O Brasil foi representado por 462 atletas nos Jogos do Rio. A maior parte deles, cerca de 35%, nasceu em São Paulo.

Esse celeiro de competidores conta com alguns dos principais clubes do país, que escolheram uma fórmula comum rumo à próxima Olimpíada: investir na juventude.

O Pinheiros, por exemplo, tem como meta aumentar o número de atletas de 19 a 24 anos. "São nomes que estarão ativos em 2020 e também em 2024", diz Cláudio Castilho, gerente de esporte competitivo da instituição.

O Sesi, por sua vez, incrementa a promoção dos atletas da base para o adulto, gerando competitividade. Ainda faltam três anos para os Jogos, mas, prontos ou em formação, atletas que irão subir no pódio em Tóquio-2020 já estão treinando.

Conheça quatro deles a seguir: Cosme, no boxe | Gabriel, na natação | Derick, no atletismo | Marcos, no polo |

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Cosme Nascimento

Gabriel Cabral/Folhapress
São Paulo, SP, Brasil, 23-06-2017: Cosme Nascimento, pugilista da Academia de Boxe da Sociedade Esportiva Palmeiras. (foto Gabriel Cabral/Folhapress)
Cosme Nascimento, pugilista da Academia de Boxe do Palmeiras

Boxe
23 anos
1,90 m
91 kg

Em 1998, Cosme Nascimento, então com cinco anos de idade, assistiu ao narrador Galvão Bueno gritar o nome de Acelino "Popó" Freitas após a conquista de um título mundial de boxe. A cena não saiu de sua cabeça. Aos 14, enquanto trabalhava na roça ao lado do pai, na chácara da família em Santana do Parnaíba (SP), ele disparou: "Vou treinar boxe".

"Eu cresci com aquilo na cabeça, nunca contei para ninguém. Eu queria ouvir o Galvão gritando meu nome. Então decidi tentar. Para mim, um jeito de me dar bem saindo de uma cidade pequena, de um bairro humilde, era por meio do esporte", relembra o atleta da categoria superpesado (sem limite de peso máximo acima de 91 kg) do Palmeiras.

De casa até a academia, Nascimento tinha de percorrer nove quilômetros em uma estrada sem iluminação. Na primeira noite, voltou correndo. "Eu sentia que tinha alguém atrás de mim", conta ele, rindo da cena.

Aos 17 anos, ele foi chamado para treinar no Palmeiras, que possui uma das melhores equipes do país -o clube tem como prioridade o futebol, e as modalidades olímpicas precisam se manter com as próprias pernas.

Cosme chegou com uma pequena mochila pendurada nas costas, embasbacado com os prédios e com o movimento da capital paulista. "Era tudo muito diferente, as pessoas são muito diferentes", diz o grandalhão de 1,90 m de altura que cumprimenta com bom dia, boa tarde e boa noite a todos os estranhos que encontra pela rua. "Não vou mudar o mundo, mas faço minha parte."

No boxe, o atleta já foi três vezes campeão brasileiro e terminou em terceiro lugar a fase classificatória para a Rio-2016, conquista que guarda com mais carinho, mesmo sem ter conquistado vaga na competição. "Quero ir a Tóquio [2020], mas se algo acontecer, esse foi o mais perto que cheguei dos Jogos", diz.

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Gabriel Silva

Natação
21 anos
1,83 m
78 kg

O Pinheiros levou 65 atletas à Rio-2016 -15% da delegação. Um deles foi Gabriel Silva, 21.

Tudo aconteceu muito rápido para o jovem paulistano, há dez anos no clube. Em 2015, ele não tinha nem medalhas no Nacional adulto. No ano seguinte, estava na final olímpica do revezamento 4 x 100 m livre -terminou em quinto. No Mundial deste ano, ganhou a prata com a equipe.

"Ter vivência ao lado de atletas experientes, passar o conhecimento de geração para geração é muito importante", diz.

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Derick Souza

Gabriel Cabral/Folhapress
São Paulo, SP, Brasil, 26-06-2017: Derick de Sousa Silva, 23, velocista do Clube Pinheiros. Rua Angelina Maffei Vita, 493 - Jardim Europa. (foto Gabriel Cabral/Folhapress)
Derick de Sousa Silva, 23, velocista do Clube Pinheiros

Atletismo
19 anos
1,82 m
75 kg

Nascido em Curicica, no Rio, ele despontou na corrida por acaso: foi convidado por um professor a disputar uma competição escolar.

O atletismo, porém, é uma tradição familiar –seu pai, Leandro, foi lançador de martelo e arremessador de peso, e a mãe, Marília, recordista sul-americana dos 100 m com barreiras.

Sua primeira competição ocorreu em 2013. Três anos depois, mudou-se para São Paulo. "Duro foi ficar longe da minha mãe, mas acostumei. Nos falamos sempre, e ela me esculacha quando faço algo errado", diz o atleta do Pinheiros.

Derick, 19, corre os 100 m em 10s33. Sua meta é quebrar a barreira de 10 s, jamais superada por um brasileiro. E ele quer chegar a 2020 fazendo da promessa realidade.

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Marcos Paulo Pedroso

Gabriel Cabral/Folhapress
São Paulo, SP, Brasil, 22-06-2017: Marcos Paulo Pedroso, atleta de polo aquático da equipe do SESI. R. Carlos Weber, 835, VIla Leopoldina. (foto Gabriel Cabral/Folhapress)
Marcos Paulo Pedroso, atleta de polo aquático da equipe do Sesi

Polo aquático
19 anos
1,88 m
95 kg

Basquete e natação eram os esportes preferidos de Marcos Paulo Pedroso até o dia em que ele foi chamado para completar o time de polo aquático em um treino no Sesi de Ribeirão Preto (interior de SP), em 2011.

A habilidade para lançar a bola somada à desenvoltura na água eram características perfeitas para a nova modalidade. "Gostei do primeiro contato com a modalidade. Comecei a disputar campeonatos e, quando percebi, estava vindo para São Paulo defender o time adulto do Sesi", relembra Pedroso.

Foi então que, há dois anos, mudou-se para a capital paulista com outros dois atletas e formou uma república. Atualmente, faz faculdade de educação física pela manhã, treina duas horas e meia no começo da tarde e mais três até o começo da noite. "É puxado, mas é a rotina que escolhi", diz.

Precoce, o paulista de 19 anos já defende a seleção adulta do Brasil. "No começo foi difícil porque na minha posição [centro] é preciso ter muita força, e eu sofria por ser o mais novo. Mas melhorei muito neste ano", diz o jogador.

Na seleção, Marcos Paulo gera nos mais velhos a pressão de uma nova geração que chega para conquistar seu espaço. No clube, ele já se sente como veterano, pressionado pelos garotos da base.

"O Sesi sempre teve essa filosofia de dar espaço aos mais jovens. É bom ter alguém puxando seu pé, mostrando que você precisa jogar bem ou vai perder o lugar", diz.

A entidade deve investir cerca de R$ 40 milhões no esporte em 2017, cerca de 5% a menos do que no ano passado. "Somos formadores. Temos jovens nos nossos times que serão realidade em 2020, outros em 2024... Estamos sempre pensando nos ciclos seguintes", afirma Eduardo Carreiro, gerente executivo de esporte e vida saudável da entidade.

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